Namoro – trabalho (História – Cidadania)
Estamos em 1938.
Lélé e Zéquinha namoram-se há anos. O namoro processa-se
"de janela", uma vez que a mãe de Lélé não autoriza que o Zéquinha
entre em casa antes do pedido de casamento. Assim, todas as noites Zéquinha vem
namorar "de gargarejo", da rua para o 1º andar do prédio de um típico
bairro lisboeta onde mora Lélé.
Lélé:
Ó Zequinha porque é que vens atrasado?
Zéquinha:
- Olha, foi por causa do elétrico. Vim pendurado
Eram mais de duzentos na plataforma, isto não contando com
os polícias, os guarda republicanos e comigo.
Lélé:
- Eu até estava admirada!
Zéquinha:
- Eu também estava admirado de não morrer asfixiado no meio
daqueles apertões todos.
Lélé:
- Olha, ó Zequinha, e pensaste muito em mim?
Zéquinha:
- Na plataforma não pensei!
Lélé:
Não pensaste!- amua.
Zéquinha:
- Não pensei só por uma razão, não cabia lá nem um
pensamento.
Lélé:
- Ah! Estás perdoado! Ainda bem que vieste, Zequinha, Já
estava cheia de saudades!
Zéquinha:
- Também eu Lélezinha
e olha, ontem fiz-te um poema, queres ouvir?
Lélé:
- Claro, Zéquinha, que emoção!
Zéquinha:
- Então cá vai:
Nos mais altos pinheiros
Na sombra do verde pé
Anda à janela ó menina,
Anda à janela, ó Lélé
Lélé:
- Que lindo, Zéquinha! És tão romântico!
Zéquinha:
- E ainda há mais:
Ó Lélé, anda à janela,
Anda ouvir a serenata
Anda ver o teu amor
Que ele por ti se mata.
Lélé:
- Mas que lindo! Zéquinha, matavas-te mesmo? Morto não me
serves para nada!
Zéquinha:
-Ó Lélé, mato-me de amor, mas a tua mãezinha nunca mais nos
deixa casar!
Lélé:
- Ó Zéquinha, quanto a isso tenho boas notícias. A mâezinha,
depois de eu lhe ter dito que foste promovido, vai autorizar o pedido do
casamento. Para o mês que vem podemos fazer uma boda na rua, para tu lhe
pedires a minha mão.
Zéquinha:
- Na rua, Lélézinha?
Não fará muita corrente de ar?
Lélé:
- Não Zéquinha, só
depois de noivos é que podes entrar, estando a mãezinha por perto, claro!
Zéquinha:
- Pronto, Lélézinha, que remédio, peço-lhe a mão, o pé ….
Lélé:
- Cuidado, Zéquinha!...
Zéquinha:
Pronto, pronto, continuamos com os versos:
Donzela, vem à janela
Vem ver o teu querido
Que eu não vou daqui embora
Sem ouvir um teu suspiro
Lélé:
- Ai, Zéquinha, nem sabes como quero que venha depressa o
pedido! Ai, ai!
Durante a guerra do Ultramar, sobretudo entre 1961 e 1974, o
namoro fazia por carta ou aerograma que era uma carta económica concebida pelo
movimento nacional feminino. Os que vinham do Ultramar eram amarelos, os que
iam para lá tinham cor azul.
Minha jóia mais querida.
Escrevo-te numa hora de desespero. Estou no hospital
militar. Aquela imagem não me larga, mais do que o meu sofrimento a do meu
amigo António, “aquela lembrança de um olhar a sangrar, de um soldado perdido,
em terras do Ultramar, por obrigação, naquela missão, morto ao serviço da pátria”.
Será sempre o mesmo inferno, que ninguém poderá esquecer,
ter que matar ou morrer, ao sabor do vento, naquele tormento.
Não te preocupes, que tudo passará, já não estou em Bafatá.
Em Bissau estou sem perigo. Passo os dias a jogar as cartas com outros feridos
ou a ouvir as canções de um amigo que tem uma guitarra e nos anima com as suas
canções.
O Natal aproxima-se. Tivemos a presença de uma locutora de
rádio e orientadora de um programa
dedicado às Forças Armadas que sai para o ar todos os sábados à tarde. Nesse
dia esteve presente uma equipa que em colaboração com a Emissora Nacional
vieram gravar mensagens para serem ouvidas na Metrópole.
Neste momento, gostava de te ter aqui para te mostrar todo o
meu amor, mas ao mesmo tempo o meu desânimo é grande, já que, a partir de
agora, se persistires em querer casar comigo não terás nunca um homem inteiro,
antes um estropiado. Penso que em breve me darão licença para ir à metrópole e
eu já estou a contar os dias de forma decrescente para te abraçar com todo o
afeto do meu coração, já que, meu amor, dia a dia, o meu amor por ti se
prolonga mais, mesmo não te querendo impor-te o peso de teres um aleijado como
noivo, como marido. Já não me atrevo a que fiques comigo mas quero que nunca
duvides do meu profundo afeto.
- Maria
Lisboa, 5/8/1965
Meu querido, Manuel:
As tuas palavras de hoje, meu amor, vieram dar mais sentido
aos meus maus pressentimentos! No entanto, nunca duvides da minha fidelidade.
De uma maneira ou de outra, serás sempre o meu homem!
Lembra-te sempre do meu sorriso na hora da despedida já que
pus nesse sorriso toda a minha esperança e toda a confiança no belo futuro que
havemos de ter. Vieram-me à cabeça
aqueles versos populares: "soldado que levas a alma a brilhar, tu hás-de
vencer e hás-de voltar". Tu voltarás, embora vítima desse terrível
desastre, mas voltas, é o que interessa!
Olha por ti. O homem, mesmo numa cadeira de rodas, é sempre
um homem. Não desanimes, tem fé. É preciso que no nosso espírito haja a
esperança de uma alegria indestrutível. Todos
os maus dias de hoje passarão e tu regressarás para juntos constituirmos
a família que tanto ambicionamos. Acredito-o. Haverá nestes anos muita dor,
muitas saudades, momentos de desespero mas para vencermos tudo isso e o mais a
que estamos sujeitos é preciso que tenhamos o nosso amor como suporte. Com esta
segurança, querido, com esta força que nos guia podem vir desgraças, desânimos,
deceções que sempre fica na nossa alma uma réstia de luz, de paz e alegria,
capazes de suplantar todas as dores. Aguardemos confiantes a hora do
encontro. Envio-te uma foto com
dedicatória para que me recordes sempre.
Beijo-te e abraço-te,
meu amor querido. Só e sempre tua, Maria
Exilado político:
Pergunto ao vento que passa notícias do meu país, o vento
cala a desgraça, o vento nada me diz. Aguardo, ansiosamente, a hora em que
possas vir ter comigo. "Ontem à noite fui ao teatro ver a Amália Rodrigues. Nunca pensei que
tivesse uma aceitação tão grande aqui. Teatro esgotado. Abriu o espetáculo o grupo
de guitarristas que executaram 2 peças. Eu, que me pensava anti-saudosista ao
ouvir os primeiros sons daquelas músicas a minha pele transformou-se
subitamente em pele de galinha. O que eu tinha a ver com aquilo não sei, só sei
que o som e o ritmo estava dentro de mim como se o ouvisse de há séculos."
Contínuo a amar-te com todas as forças do meu coração e
estar assim longe da minha pátria e de ti é um tormento incontrolável.
Emigrante em Maio de 69:
Querida Luísa:
"Amor também me mandavas dizer que eu nunca te mandava
dizer náda o que cá se passava olha Amor eu sei o que se passa mas não adianta
mandar-te diser por o De golo saiu mas ainda não introu mais nenhum para o
poder esta um a fazer as vizes dele mas não quer aquelas responsabilidades por
isso vão butar vótos outra vêz por outro mas diziam que ele e tal i qual como o
De golo o que vai entrar ou o que querem que entre e pronto Amor por hoje é
tudo não te quero enfadar mais mas escrebe-me as tuas cartas cheias sim de
Amor."
Atualmente, há muitas formas de namorar...
Tudo pode começar na discoteca, na escola, no emprego, no
autocarro e até na internet...
O rapaz ou a rapariga, sentindo-se atraídos um pelo outro,
combinam sair e se gostarem um do outro começam a “andar”.
Se o relacionamento for sério conhecem as famílias e começam
a namorar também em casa. Por vezes trocam uma “aliança” de namoro que deve ser
usada no dedo anelar da mão esquerda. Durante o namoro aproveitam todos os
momentos para estar juntos, para passear, conversar, trocar prendas e alguns
mimos...
Os jardins, as praias, os centros comerciais, o próprio
recreio e corredores da escola são locais para partilhar alguns momentos...
Depois de um curto ou longo namoro e se tudo correr bem,
casam-se e são muito felizes... se algo correr mal durante o namoro, rompe-se
com este e parte-se à procura de outra oportunidade.
Se o casamento correr mal, aí o caso é mais grave, mas
,também, para ele há solução, até porque são cada vez menos os que se preocupam
com os preconceitos sociais...
Nos nossos dias, o namoro é muito diferente do de outras
épocas.
No entanto, a emoção que dá voltas à barriga e põe a cabeça
a andar à roda quando dois olhares, ao
cruzarem-se, brilham de uma forma muito especial, é de todos os tempos.
E é tão antiga que pode mesmo recuar aos tempos em que o homem descobriu que
precisava de algo mais para sobreviver do que arranjar alimentos, abrigar-se do
frio e defender-se dos animais- precisava da amizade e do amor...
Al you need
is love
All You
Need Is Love
Love, love,
love
Love, love,
love
Love, love,
love
There's
nothing you can do
That can't
be done
Nothing you
can sing that can't be sung
Nothing you
can say
But you can
learn how the play the game
It's easy
There's
nothing you can make
That can't
be made
No one you
can save that can't be saved
Nothing you
can do
But you can
learn how to be you in time
It's easy
All you
need is love
All you
need is love
All you
need is love, love
Love is all
you need
Love, love,
love
Love, love,
love
Love, love,
love
All you
need is love
All you
need is love
All you
need is love, love
Love is all
you need
There's
nothing you can know
That isn't
known
Nothing you
can see that isn't shown
Nowhere you
can be
That isn't
where you're meant to be
It's easy
All you
need is love
All you
need is love
All you
need is love, love
Love is all
you need
All you
need is love
(All
together, now!)
All you
need is love
(Everybody)
All you
need is love, love
Love is all
you need
(Love is
all you need)
(She loves
you, yeah, yeah, yeah!)
Alunos desfilam com placas:
Amor é:
(frases dos alunos)
2. Escreve um roteiro que descreva o namoro hoje com situações ciúme; manipulação; (mau) uso das redes socias e suas consequências; violência (disfarçada ou efetiva); práticas forçadas; gravidez indesejável e o que consideres importante ponderar.
3.
Conheci-o numa festa, em casa de uma amiga. Tornámo-nos amigos
ou talvez mais do que isso. Havia alguma intimidade entre nós. Um dia pediu-me
o telemóvel. Não pensei em nada, passei-lho para as mãos. Pôs as ver as minhas fotografias
e ia dizendo: não gosto desta, esta nem pensar, vais eliminar isto.
Como? – pensei engasgada – mas o que queria dizer aquilo?
Calei-me. Acho que temos séculos e séculos de educação emotiva e
eu gostáva dele. Era tão meigo, tão simpático para comigo, mas àquela, “vais
eliminar isto”.
No outro dia, estávamos sozinhos, eu com o telemóvel pousado,
ele volta a fazer o mesmo. Vê as fotos do meu telemóvel e muito calmo anuncia:
vou eliminar, não gosto, não eliminaste. O sangue subiu-me à cabeça,
arranquei-lhe o telemóvel e gritei: NÃO. Não tens esse direito.
- Comenta o excerto.
- Imagina outra cena de namoro na qual, haja situações que devam ser clarificadas.
Violência no namoro:
https://www.youtube.com/watch?v=4fzbBVAybbI
https://www.youtube.com/watch?v=yUzMM_2ZV5A
https://www.youtube.com/watch?v=IdvomZUZJUI
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