quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Namoro ao longo do século XX e XXI

 

Namoro – trabalho (História – Cidadania)

 

 


Folhetim radiofónico integrado no programa "Companheiros da Alegria". Textos de Aníbal Nazaré e de Nelson de Barros. Interpretações de Maria Luísa Barros Queiroz, Vasco Santana e Irene Velez. Realização de Francisco Igrejas Caeiro.

Estamos em 1938.

Lélé e Zéquinha namoram-se há anos. O namoro processa-se "de janela", uma vez que a mãe de Lélé não autoriza que o Zéquinha entre em casa antes do pedido de casamento. Assim, todas as noites Zéquinha vem namorar "de gargarejo", da rua para o 1º andar do prédio de um típico bairro lisboeta onde mora Lélé.

Lélé:

Ó Zequinha porque é que vens atrasado?

Zéquinha:

- Olha, foi por causa do elétrico. Vim pendurado

Eram mais de duzentos na plataforma, isto não contando com os polícias, os guarda republicanos e comigo.

Lélé:

- Eu até estava admirada!

Zéquinha:

- Eu também estava admirado de não morrer asfixiado no meio daqueles apertões todos.

Lélé:

- Olha, ó Zequinha, e pensaste muito em mim?

Zéquinha:

- Na plataforma não pensei!

Lélé:

Não pensaste!- amua.

Zéquinha:

- Não pensei só por uma razão, não cabia lá nem um pensamento.

Lélé:

- Ah! Estás perdoado! Ainda bem que vieste, Zequinha, Já estava cheia de saudades!

Zéquinha:

- Também eu Lélezinha  e olha, ontem fiz-te um poema, queres ouvir?

Lélé:

- Claro, Zéquinha, que emoção!

Zéquinha:

- Então cá vai:

Nos mais altos pinheiros

Na sombra do verde pé

Anda à janela ó menina,

Anda à janela, ó Lélé

Lélé:

- Que lindo, Zéquinha! És tão romântico!

Zéquinha:

- E ainda há mais:

 

Ó Lélé, anda à janela,

Anda ouvir a serenata

Anda ver o teu amor

Que ele por ti se mata.

Lélé:

- Mas que lindo! Zéquinha, matavas-te mesmo? Morto não me serves para nada!

Zéquinha:

-Ó Lélé, mato-me de amor, mas a tua mãezinha nunca mais nos deixa casar!

Lélé:

- Ó Zéquinha, quanto a isso tenho boas notícias. A mâezinha, depois de eu lhe ter dito que foste promovido, vai autorizar o pedido do casamento. Para o mês que vem podemos fazer uma boda na rua, para tu lhe pedires a minha mão.

Zéquinha:

- Na rua, Lélézinha?  Não fará muita corrente de ar?

Lélé:

- Não Zéquinha,  só depois de noivos é que podes entrar, estando a mãezinha por perto, claro!

Zéquinha:

- Pronto, Lélézinha, que remédio, peço-lhe a mão, o pé ….

Lélé:

- Cuidado, Zéquinha!...

Zéquinha:

Pronto, pronto, continuamos com os versos:

Donzela, vem à janela

Vem ver o teu querido

Que eu não vou daqui embora

Sem ouvir um teu suspiro

Lélé:

- Ai, Zéquinha, nem sabes como quero que venha depressa o pedido! Ai, ai!

 

 

 

 

Durante a guerra do Ultramar, sobretudo entre 1961 e 1974, o namoro fazia por carta ou aerograma que era uma carta económica concebida pelo movimento nacional feminino. Os que vinham do Ultramar eram amarelos, os que iam para lá tinham cor azul.

 

 

 

 









 

 

 

 

 

Minha jóia mais querida.

Escrevo-te numa hora de desespero. Estou no hospital militar. Aquela imagem não me larga, mais do que o meu sofrimento a do meu amigo António, “aquela lembrança de um olhar a sangrar, de um soldado perdido, em terras do Ultramar, por obrigação, naquela missão, morto ao serviço da pátria”.

Será sempre o mesmo inferno, que ninguém poderá esquecer, ter que matar ou morrer, ao sabor do vento, naquele tormento.

Não te preocupes, que tudo passará, já não estou em Bafatá. Em Bissau estou sem perigo. Passo os dias a jogar as cartas com outros feridos ou a ouvir as canções de um amigo que tem uma guitarra e nos anima com as suas canções.

O Natal aproxima-se. Tivemos a presença de uma locutora de rádio  e orientadora de um programa dedicado às Forças Armadas que sai para o ar todos os sábados à tarde. Nesse dia esteve presente uma equipa que em colaboração com a Emissora Nacional vieram gravar mensagens para serem ouvidas na Metrópole.

Neste momento, gostava de te ter aqui para te mostrar todo o meu amor, mas ao mesmo tempo o meu desânimo é grande, já que, a partir de agora, se persistires em querer casar comigo não terás nunca um homem inteiro, antes um estropiado. Penso que em breve me darão licença para ir à metrópole e eu já estou a contar os dias de forma decrescente para te abraçar com todo o afeto do meu coração, já que, meu amor, dia a dia, o meu amor por ti se prolonga mais, mesmo não te querendo impor-te o peso de teres um aleijado como noivo, como marido. Já não me atrevo a que fiques comigo mas quero que nunca duvides do meu profundo afeto.

 

 

 

- Maria

Lisboa, 5/8/1965

 

Meu querido, Manuel:

As tuas palavras de hoje, meu amor, vieram dar mais sentido aos meus maus pressentimentos! No entanto, nunca duvides da minha fidelidade. De uma maneira ou de outra, serás sempre o meu homem!

Lembra-te sempre do meu sorriso na hora da despedida já que pus nesse sorriso toda a minha esperança e toda a confiança no belo futuro que havemos de ter.  Vieram-me à cabeça aqueles versos populares: "soldado que levas a alma a brilhar, tu hás-de vencer e hás-de voltar". Tu voltarás, embora vítima desse terrível desastre, mas voltas, é o que interessa!

Olha por ti. O homem, mesmo numa cadeira de rodas, é sempre um homem. Não desanimes, tem fé. É preciso que no nosso espírito haja a esperança de uma alegria indestrutível. Todos  os maus dias de hoje passarão e tu regressarás para juntos constituirmos a família que tanto ambicionamos. Acredito-o. Haverá nestes anos muita dor, muitas saudades, momentos de desespero mas para vencermos tudo isso e o mais a que estamos sujeitos é preciso que tenhamos o nosso amor como suporte. Com esta segurança, querido, com esta força que nos guia podem vir desgraças, desânimos, deceções que sempre fica na nossa alma uma réstia de luz, de paz e alegria, capazes de suplantar todas as dores. Aguardemos confiantes a hora do encontro.  Envio-te uma foto com dedicatória para que me recordes sempre.

 

 Beijo-te e abraço-te, meu amor querido. Só e sempre tua, Maria

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Exilado político:

Pergunto ao vento que passa notícias do meu país, o vento cala a desgraça, o vento nada me diz. Aguardo, ansiosamente, a hora em que possas vir ter comigo. "Ontem à noite fui ao teatro  ver a Amália Rodrigues. Nunca pensei que tivesse uma aceitação tão grande aqui. Teatro esgotado. Abriu o espetáculo o grupo de guitarristas que executaram 2 peças. Eu, que me pensava anti-saudosista ao ouvir os primeiros sons daquelas músicas a minha pele transformou-se subitamente em pele de galinha. O que eu tinha a ver com aquilo não sei, só sei que o som e o ritmo estava dentro de mim como se o ouvisse de há séculos."

Contínuo a amar-te com todas as forças do meu coração e estar assim longe da minha pátria e de ti é um tormento incontrolável.

 

 

 

Emigrante em Maio de 69:

 

Querida Luísa:

"Amor também me mandavas dizer que eu nunca te mandava dizer náda o que cá se passava olha Amor eu sei o que se passa mas não adianta mandar-te diser por o De golo saiu mas ainda não introu mais nenhum para o poder esta um a fazer as vizes dele mas não quer aquelas responsabilidades por isso vão butar vótos outra vêz por outro mas diziam que ele e tal i qual como o De golo o que vai entrar ou o que querem que entre e pronto Amor por hoje é tudo não te quero enfadar mais mas escrebe-me as tuas cartas cheias sim de Amor."

 

 

 

 

Atualmente, há muitas formas de namorar...

 

Tudo pode começar na discoteca, na escola, no emprego, no autocarro e até na internet...

O rapaz ou a rapariga, sentindo-se atraídos um pelo outro, combinam sair e se gostarem um do outro começam a “andar”.

Se o relacionamento for sério conhecem as famílias e começam a namorar também em casa. Por vezes trocam uma “aliança” de namoro que deve ser usada no dedo anelar da mão esquerda. Durante o namoro aproveitam todos os momentos para estar juntos, para passear, conversar, trocar prendas e alguns mimos...

Os jardins, as praias, os centros comerciais, o próprio recreio e corredores da escola são locais para partilhar alguns momentos...

 

Depois de um curto ou longo namoro e se tudo correr bem, casam-se e são muito felizes... se algo correr mal durante o namoro, rompe-se com este e parte-se à procura de outra oportunidade.

 

Se o casamento correr mal, aí o caso é mais grave, mas ,também, para ele há solução, até porque são cada vez menos os que se preocupam com os preconceitos sociais...

Nos nossos dias, o namoro é muito diferente do de outras épocas.  

No entanto, a emoção que dá voltas à barriga e põe a cabeça a andar à roda quando dois olhares, ao  cruzarem-se, brilham de uma forma muito especial, é de todos os tempos. E é tão antiga que pode mesmo recuar aos tempos em que o homem descobriu que precisava de algo mais para sobreviver do que arranjar alimentos, abrigar-se do frio e defender-se dos animais- precisava da amizade e do amor...

 

Al you need is love

All You Need Is Love

 

 

Love, love, love

Love, love, love

Love, love, love

 

There's nothing you can do

That can't be done

Nothing you can sing that can't be sung

Nothing you can say

But you can learn how the play the game

It's easy

 

There's nothing you can make

That can't be made

No one you can save that can't be saved

Nothing you can do

But you can learn how to be you in time

It's easy

 

All you need is love

All you need is love

All you need is love, love

Love is all you need

Love, love, love

Love, love, love

Love, love, love

 

All you need is love

All you need is love

All you need is love, love

Love is all you need

 

There's nothing you can know

That isn't known

Nothing you can see that isn't shown

Nowhere you can be

That isn't where you're meant to be

It's easy

 

All you need is love

All you need is love

All you need is love, love

Love is all you need

 

All you need is love

(All together, now!)

All you need is love

(Everybody)

All you need is love, love

Love is all you need

(Love is all you need)

(She loves you, yeah, yeah, yeah!)

 

 

Alunos desfilam com placas:

 

Amor é:

 

(frases dos alunos)




2. Escreve um roteiro que descreva o namoro hoje com situações ciúme; manipulação; (mau) uso das redes socias e suas consequências; violência (disfarçada ou efetiva); práticas forçadas; gravidez indesejável e o que consideres importante ponderar.




3.

Conheci-o numa festa, em casa de uma amiga. Tornámo-nos amigos ou talvez mais do que isso. Havia alguma intimidade entre nós. Um dia pediu-me o telemóvel. Não pensei em nada, passei-lho para as mãos. Pôs as ver as minhas fotografias e ia dizendo: não gosto desta, esta nem pensar, vais eliminar isto.

Como? – pensei engasgada – mas o que queria dizer aquilo?

Calei-me. Acho que temos séculos e séculos de educação emotiva e eu gostáva dele. Era tão meigo, tão simpático para comigo, mas àquela, “vais eliminar isto”.

 Calei-me, mas não eliminei

No outro dia, estávamos sozinhos, eu com o telemóvel pousado, ele volta a fazer o mesmo. Vê as fotos do meu telemóvel e muito calmo anuncia: vou eliminar, não gosto, não eliminaste. O sangue subiu-me à cabeça, arranquei-lhe o telemóvel e gritei: NÃO. Não tens esse direito.


- Comenta o excerto.

- Imagina outra cena de namoro na qual, haja situações que devam ser clarificadas.



Violência no namoro:


https://www.youtube.com/watch?v=4fzbBVAybbI

 

https://www.youtube.com/watch?v=yUzMM_2ZV5A

 

https://www.youtube.com/watch?v=IdvomZUZJUI


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