quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Todos os homens são maricas quando estão com gripe

 “Todos Os Homens São Maricas Quando Estão Com Gripe”

Vitorino Salomé (original - 2006) / Salvador Sobral

https://youtu.be/0IKoYYzTvr0

Pachos na testa, terço na mão. Uma botija, chá de limão.

Zaragatoas, vinho com mel. Três aspirinas, creme na pele.

Dói-me a garganta, chamo a mulher. Ai Lurdes, Lurdes, que vou morrer.

Mede-me a febre, olha-me a goela. Cala os miúdos, fecha a janela.

Não quero canja, nem a salada. Ai Lurdes, Lurdes – não vales nada.

Se tu sonhasses, como me sinto. Já vejo a morte, nunca te minto.

Já vejo o inferno. Chamas, diabos. Anjos estranhos. Cornos e rabos.

Tigres sem listas. Bodes de tranças. 

Choros de corujas. Risos de grilo.

Ai Lurdes, Lurdes – que foi aquilo?

Não é a chuva, no meu postigo. Ai Lurdes, Lurdes, fica comigo.

Não é o vento, a cirandar. Nem são as vozes, que vêm do mar.

Não é o pingo de uma torneira, põe-me a santinha à cabeceira.

Compõe-me a colcha, fala ao prior. Pousa o Jesus, no cobertor.

Chama o doutor. Passa a chamada!

Ai Lurdes, Lurdes, nem dás por nada

Faz-me tisanas e pão de ló. Não te levantes, que fico só.

Aqui sozinho, a apodrecer.

Ai Lurdes Lurdes, que vou morrer!

 

Compositor: António Lobo Antunes (médico psiquiatra e escritor)


segunda-feira, 17 de abril de 2023

Concurso de fotografia "Green photo"

 







Agrupamento de Escolas Júlio Dinis, Gondomar  

Regulamento do Concurso de fotografia «Green Photo»  

 

 

ENQUADRAMENTO

1. O concurso de fotografia é dinamizado pelo Clube Europeu da Escola Básica Júlio Dinis e

enquadra-se no tema da Rede dos Clubes Europeus «Juventude - O Futuro da Europa».

 

 

OBJETIVO

2. O concurso tem como principal objetivo contribuir para que os jovens observem o meio ambiente que os rodeia, se consciencializem da necessidade da sua defesa e conservação, divulgando, também, desta forma, o património natural de Gondomar.

 

 

PARTICIPANTES

3. O concurso é aberto à comunidade escolar e local.

3.1. Os participantes serão divididos em duas categorias:

Categoria A – Concurso interno do Agrupamento de Escolas Júlio Dinis

1.º escalão - Alunos do 2.º ciclo

2.º escalão - Alunos do 3.º ciclo.

Categoria B - Concurso geral

3.º escalão - Jovens até aos 18 anos (inclusivé) que estudem ou residam em Gondomar.

4º escalão – Residentes em Gondomar com mais 60 ou mais anos de idade.

3.2. Cada participante poderá apresentar apenas uma fotografia a concurso.

 

 

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DE ENTREGA E AUTORIA

4. As fotografias a concurso devem retratar aspetos do património natural do concelho de

Gondomar.

4.1. Só serão admitidas fotos a cor, preto e branco ou sépia, nos formatos Jpg  e Tiff com dimensão não inferior a 1.200 pixels no lado maior. O tamanho máximo por ficheiro é de 10Mb (esta informação poderá ser confirmada nas propriedades da imagem - tamanho em pixéis da largura/altura da imagem). As únicas manipulações digitais de imagem autorizadas são correções de luminosidade, contraste, saturação e reenquadramento. Não são admitidas fotografias de pessoas reconhecíveis a menos que o autor tenha todas as autorizações necessárias para a utilização e publicação dessas fotografias neste concurso.

4.2. As fotografias enviadas não podem ter qualquer tipo de moldura, assinatura ou qualquer marca que permita identificar o autor.

4.3. Cada fotografia deverá fazer-se acompanhar das seguintes indicações:

- Título; local e data onde foi tirada. Uma pequena descrição da mesma.

- Escalão e Categoria de participação;

- Identificação do pseudónimo, à semelhança deste exemplo: “Reflexos - Praia da Batata, 2022, Enzo”.

- Os concorrentes menores de 18 anos, para além dos seus dados pessoais, devem incluir os dados do seu encarregado de educação, o qual se responsabilizará pela participação do seu educando neste concurso.

4.4.  Os concorrentes efetuam a sua participação submetendo a fotografia assim como ficha de identificação na plataforma web de submissão de candidaturas ao concurso, disponibilizada através do seguinte link: https://forms.gle/DZkzajMfgj8VEFcQ9

4.5. A data de início de receção das fotos é o dia 21 de março e a data-limite é o dia 22 de abril de 2023.

4.6 - A submissão da candidatura ao concurso pressupõe o conhecimento expresso e aceitação prévia das condições de participação estabelecidas neste regulamento.

 

 

5. Júri

5.1 - O Júri do concurso integra professores do Clube Europeu, um professor de Educação Visual; um membro da Associação de Estudantes e um membro da Associação de Pais.

5.2. O júri apreciará e decidirá quais as fotografias premiadas de acordo com os

seguintes critérios:

a) conformidade dos trabalhos com o presente regulamento.

b) adequação ao tema proposto, qualidade estética, criatividade e originalidade.

5.3 – Os resultados serão publicados a partir de 9 de maio.

5.4 - Das decisões do júri não haverá recurso.

 

 

6. Divulgação dos resultados

6.1 - Os resultados serão divulgados no Facebook e Instagram do Clube Europeu da Escola Básica Júlio Dinis, na sua página, assim como na página do Agrupamento, e facebook da Escola Básica júlio Dinis – “Escola Básica 2/3 Júlio Dinis”.

6.2 - Os concorrentes premiados serão informados, por correio eletrónico, a partir de 9 de maio de 2023.  

 

7 – Prémios

7.1 - Será atribuído um prémio a cada escalão.

7.2 – A entrega dos prémios decorrerá na festa final de ano do agrupamento Júlio Dinis

 

8. Autorização de utilização por terceiros

8.1 - Com a apresentação a concurso, os participantes autorizam o Clube Europeu da Escola Júlio Dinis a  expor os seus trabalhos , assim como a realizar a sua eventual divulgação e reprodução em publicações ou outros meios promocionais, sendo, no entanto, sempre mencionada a autoria das fotos nas utilizações que delas venha a fazer. Renunciam, também, a receber qualquer contrapartida financeira ou de outra índole, considerando ambas as partes que o objetivo dessas publicações, edições e outras seja de exclusivo interesse cultural, promocional e social.

 

9. Disposições finais

9.1 - Não poderá concorrer a este concurso qualquer elemento que seja familiar direto dos membros do júri.

9.2. Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos pela organização, única entidade competente para o efeito.

9.3. A participação neste concurso implica a aceitação integral do presente regulamento.

 

 

 

 

Concurso literário "Somos nós o futuro da Europa"

 



   Agrupamento de Escolas Júlio Dinis, Gondomar    

Regulamento do Concurso literário “Juventude: Futuro da Europa”      

 

ENQUADRAMENTO

1. O concurso literário é dinamizado pelo Clube Europeu da Escola Básica 2/3 Júlio Dinis, Gondomar e enquadra-se no tema proposto pela Rede de Clubes Europeus «Juventude - O Futuro da Europa».

 

OBJETIVO

2. O concurso tem como principal objetivo contribuir para que os jovens observem o meio que os rodeia, tendo em vista uma cidadania interveniente e como meta uma sociedade sustentável.

 

PARTICIPANTES

3. O concurso é aberto à comunidade escolar e local.

3.1. Os participantes serão divididos em duas categorias:

Categoria A – Concurso interno do Agrupamento de Escolas Júlio Dinis

1.º escalão - Alunos do 4º ano e do 2.º ciclo

2.º escalão - Alunos do 3.º ciclo.

Categoria B - Concurso geral

3.º escalão - Jovens até aos 18 anos (inclusivé) que estudem ou residam em Gondomar.

4º escalão – Residentes em Gondomar com mais 60 ou mais anos de idade.

3.2. Cada participante poderá apresentar a concurso apenas um texto sob as modalidades de  poesia ou prosa revestindo a forma de conto; crónica; reportagem; entrevista, ensaio, devendo obrigatoriamente ser inédito. Ao inscrever-se neste concurso, o participante declara que o texto enviado é de sua própria autoria e assume a responsabilidade plena por eventuais acusações de plágio e violação de direitos autorais, que configura crime previsto no art. 184 do Código Penal.

 

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DE ENTREGA E AUTORIA

4. Os textos a concurso devem subordinar-se ao tema: Juventude – Futuro da Europa

4.1 O texto, escrito em língua portuguesa, não deve ultrapassar duas página A4, deve utilizar as fontes Times New Roman ou Arial, em  tamanho 12, com espaçamento de 1,5 e deverá ser assinado por um pseudónimo.

 4.2.  Os concorrentes efetuam a sua participação submetendo o texto,  assim como os dados de identificação na plataforma web de submissão de candidaturas ao concurso, disponibilizada através do seguinte link: https://forms.gle/z3Z4AoYXr6XpVTtR7

4.3. A data de início de receção do texto é no dia 21 de março e a data limite é o dia 5 de maio de 2023 (Dia mundial da língua portuguesa).

4.4 - A submissão da candidatura ao concurso pressupõe o conhecimento expresso e aceitação prévia das condições de participação estabelecidas neste regulamento.

 

5. Júri

5.1 - O júri do concurso integra professores do Clube Europeu, a coordenadora da Biblioteca Escolar, um membro da Associação de Estudantes e um membro da Associação de Pais.

5.2. O júri apreciará e decidirá quais os textos premiados de acordo com os seguintes critérios:

a) conformidade dos trabalhos com o presente regulamento.

b) adequação ao tema proposto, correção linguística, qualidade estética, criatividade e originalidade.

5.3 – Os resultados serão dados a conhecer a partir de 24 de maio.

5.4 - Das decisões do júri não haverá recurso.

 

6. Divulgação dos resultados

6.1 - Os resultados serão exibidos no facebook  e Instagram do Clube Europeu da Escola Básica Júlio Dinis, página do Clube e do Agrupamento, assim como no Facebook da Escola Básica 2/3 Júlio Dinis, Gondomar.  

6.2 - Os concorrentes premiados serão informados, por correio eletrónico, a partir de 24 de maio de 2023 .

 

7. Prémios

7.1 - Será atribuído um prémio a cada escalão, além dos melhores trabalhos serem publicados no site do clube e eventual blogue.

7.2 – A entrega dos prémios decorrerá na festa final de ano do Agrupamento.

 

8. Autorização de utilização por terceiros

8.1 - Com a apresentação a concurso, os participantes autorizam o Clube Europeu da Escola Básica Júlio Dinis a realizar a sua eventual divulgação e reprodução em publicações ou outros meios promocionais, sendo, no entanto, sempre mencionada a autoria dos textos nas utilizações que delas venha a fazer. Os autores renunciam, também, a receber qualquer contrapartida financeira ou de outra índole, considerando ambas as partes que o objetivo dessas publicações, edições e outras seja de exclusivo interesse cultural, promocional e social.

 

9. Disposições finais

9.1 - Não poderá concorrer a este concurso qualquer elemento que seja familiar direto dos membros do júri.

9.2. Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos pela organização, única entidade competente para o efeito.

9.3. A participação neste concurso implica a aceitação integral do presente regulamento.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Corações com coroa

 

Corações com Coroa

16 de julho  • Instagram 

Campanha Grito de Paz 2022

Decidimos não ficar indiferentes.

A violação como arma de guerra em zonas de conflito continua a ser utilizada como a “arma mais barata conhecida para o homem”.

Os corpos das mulheres e crianças são assim utilizados como uma ferramenta para causar devastação, intimidação e ordem!

Cabe-nos a nós todos fazer algo!

Francisca De Magalhães Barros (activista e escritora) e a Marisa Liz (cantora e compositora) decidiram chamar a atenção para as violações ocorridas na: Ucrânia; República Democrática Do Congo, Afeganistão; República Centro Africana; Iémen. Juntaram-se a Catarina Furtado e à sua associação Corações Com Coroa e durante 5 semanas vão lembrar as mulheres, crianças, homens, pessoas de todas as idades, esquecidas no meio das violências nestes países e no mundo inteiro. Dia 18 de Julho por volta das 22 horas vai ocorrer uma live que contará com a presença de Francisca De Magalhães Barros e Marisa Liz, Catarina Furtado e os convidados Dr. Gustavo Carona e Raul Manarte.

Só todos junt@s fazemos a diferença!

Partilha em cada semana uma bandeira!

Junta-te a nós!

Junt@s educamos, aprendemos, alertamos e jamais esquecemos!

 

PEÇA TEATRAL

A peça promove a reflexão sobre o amor, o desejo, a descoberta, mas também temas como a violência no namoro, a contraceção, a gravidez adolescente, o planeamento familiar, o bullying e o cyberbullying. O modelo de intervenção, assim como o conteúdo do projeto, enquadram-se na área temática da Educação para a Cidadania, com particular enfoque na Educação para a Igualdade de Género e para a não-violência. Este projeto, com validação da Direção Geral de Educação (2016) e o apoio da Secretaria de Estado da Cidadania e Igualdade.

 

 

·         Tendência de fortalecimento dos direitos reprodutivos
— 76% das nações já têm leis que defendem os direitos sexuais e reprodutivos.
— Apesar da desaceleração provocada pela pandemia da Covid-19, que sobecarregou os sistemas de saúde, a tendência geral é promissora.
2. Avanços na Justiça
— Na COP27, em Novembro, foi acordado o financiamento para “perdas e danos” aos países mais afetados pelas alterações climáticas.
— Líderes apelaram por justiça sexual e reprodutiva.
3. Apelos à segurança em espaços digitais
— Mais de 30 mil pessoas assinaram já a petição do Unfpa pedindo aos decisores políticos e empresas de tecnologia que reconheçam a violência on-line e acabem com ela.
4. Condenação da violência sexual em conflitos
— O Unfpa ajudou milhares de centros de saúde a oferecer atendimento especializado para violação e outras formas de violência sexual em contexto de guerra e conflitos.
5. Ativistas estão a fazer a mudança pelo fim de práticas prejudiciais
No Laos e nas Maldivas, o Unfpa tem usado o TikTok para treinar parteiras e estimular o debate sobre autonomia corporal.
No Bangladesh uma aplicação blockchain promove a entrega produtos de higiene menstrual.
6. Saúde mental como prioridade global
Perante os níveis de ansiedade e depressão pós-pandemia e o aumento do stress pós-traumático de pessoas envolvidos em conflitos e emergências climáticas, o Unfpa ampliou seu apoio psicossocial, encaminhamentos para assistência jurídica e serviços médicos e expandiu o acesso a espaços e abrigos seguros.
7. Menstruação reconhecida como uma questão de direitos humanos
O Conselho de Direitos Humanos adotou uma resolução que assume o estigma, a vergonha e a exclusão associadas à menstruação como uma questão de igualdade de género e direitos humanos.
Alguns países aprovaram a distribuição gratuita de produtos de higiene menstrual e outros debatem as questões da pobreza e dignidade menstrual.
8. Humanidade atingiu 8 mil milhões de pessoas.
A população global chegou aos 8 mil milhões de pessoas, o que significa que mais mulheres sobrevivem ao parto, mais crianças sobrevivem à infância e mais pessoas vivem vidas mais longas e saudáveis.

@unfpa #direitoshumanos

 

coracoescomcoroa

 

 

Não é não!

… O que significa consentimento?

Com as respostas de 29 mulheres livres, encerramos a campanha ““No Means No / Não é Não”.

No âmbito do projeto Talks about Consent, a Corações com Coroa, a FEM- Feministas em Movimento, a Humanity Fórum Portugal, a Associação P&D Factor e a Schools Consent Project com coletivos e ativistas de Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e Reino Unido associaram-se ao movimento global “No Means No / Não é Não” e apresentam nos 16 dias de Ativismo pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, contributos de mulheres livres.


 

https://www.instagram.com/p/CmEC1GhvNzr/

 

 

Conheci-o numa festa, em casa de uma amiga. Tornámo-nos amigos ou talvez mais do que isso. Havia alguma intimidade entre nós. Um dia pediu-me o telemóvel. Não pensei em nada, passei-lho para as mãos. Pôs as ver as minhas fotografias e ia dizendo: não gosto desta, esta nem pensar, vais eliminar isto.

Como? – pensei engasgada – mas o que queria dizer aquilo?

Calei-me. Acho que temos séculos e séculos de educação emotiva e eu gostáva dele. Era tão meigo, tão simpático para comigo, mas àquela, “vais elimar isto”.

 

Calei-me, mas não eliminei

No outro dia, estávamos sozinhos, eu com o telomovel pousado, ele volta a fazer o mesmo. Vê as fotos do meu telemível e muito calmo anuncia: vou eliminar, não gosto, não eliminaste. O sangue subiu-me à cabeça, arranquei-lhe o telemóvel e gritei: Não. Não Tens esse direito.

 

 

 

 

https://www.instagram.com/p/CmwuUANsMQc/

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

LGBT

 

Acão da associação de jovens –rede ex aequo.  

https://www.rea.pt/

 

LGBT vão às escolas: Do 'pré-conceito' à educação

O Projeto Educação LGBT, da rede ex aequo, desloca-se às escolas de todo o país para falar sobre temáticas que, na sua maioria, não são abordadas em contexto escolar como orientação sexual, identidade e expressão de género. O SOL foi assistir a uma sessão informativa, que teve lugar na Escola Secundária de Palmela, que envolveu várias dinâmicas de grupo e acesos debates, especialmente entre alunos.



O ambiente é de expectativa. os alunos da Secundária de Palmela não sabem muito bem o que vai acontecer (...)

Finalmente dá-se início à sessão. “então que nomes é que vocês conhecem para gays?”, pergunta José Santos, um dos oradores, depois da formal apresentação e explicação da sessão e do projeto que integra. Entretanto, no quadro, já estavam quatro colunas, cada uma com um nome: gay, lésbica, bissexual e transgénero, desenhadas por Manuel Mateus, outro orador.

Incrédulos, os alunos começam a trocar sorrisos envergonhados. “vá lá, não me digam que não conhecem nenhuns!”, argumenta Manuel. Ao fim de algum tempo, os primeiros começam a arranjar coragem e respondem: “paneleiro!”, diz uma aluna, entre uma troca de risos com a colega do lado; “maricas!”, responde outro.

“E mais?” Continua Manuel, “agora para lésbicas”.  “Machona!”, responde outra rapariga; “camionista!”, diz o colega do lado. José vai escrevendo as várias respostas no quadro. “Então e transgénero, sabem o que é?”, questiona Manuel. Silêncio. Alguns dizem que não com a cabeça, outros encolhem os ombros. Quase ninguém tinha ouvido falar neste conceito que abrange os indivíduos que transgridem os papéis de género que a sociedade lhes atribui como, por exemplo, os travestis, os transexuais, os intersexuais, etc.

“Este projeto serve exatamente para isto: para colmatar o facto da orientação sexual, a identidade de género e a expressão de género não serem discutidas nas escolas”, explica José Santos.


Trata-se do projeto educação lgbt (lésbicas, gays, bissexuais e transgenéros), da rede ex aequo – associação portuguesa de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes – que surgiu em 2005, com apoios financeiros da fundação europeia da juventude do conselho da europa (entre janeiro a setembro de 2005). Este projeto organiza sessões informativas com o objetivo de “dar apoio aos jovens lgbt, além de intervir na sociedade, junto das entidades políticas e de ‘educar’ a sociedade para as questões da homossexualidade, bissexualidade e transgenerismo”, explica José, um dos coordenadores do projeto educação.

(...)  “pretendemos abordar o bullying homofóbico e tentar desconstruir o preconceito no sítio onde este se dá, que é sobretudo nas escolas”, refere Manuel.

Desconstruir (pré)conceitos

A abordagem destas temáticas é feita através de técnicas de educação não formal, isto é, são intervenções que envolvem os alunos em várias dinâmicas e exercícios de grupo.

Um desses exercícios obriga os alunos a levantarem-se para formarem uma fila e à medida que os oradores vão fazendo diversas afirmações, vão dando um passo para a direita se concordam, para a esquerda se não concordam ou mantêm-se no lugar caso não tenham opinião.

Estas intervenções acabam por gerar debate não só com os oradores mas também entre os próprios alunos. Foi o caso de uma das afirmações: ‘num casal homossexual, há sempre um que faz de homem e outro que faz de mulher’. Apesar de a maioria ter concordado, gerou uma onda de comentários: “há sempre um que é mais gay e o outro que é mais normal”, comentou uma aluna; “isso depende do gosto de cada um”, disse outro estudante. A explicação dada por José foi mais metafórica: “normalmente comemos de garfo e faca, certo? Então e quando comemos de pauzinhos? Também há um que faz de garfo e outro de faca?”.

(...)  a verdade é que o confronto com opiniões homofóbicas e ofensivas não é muito comum neste género de iniciativas: “só houve duas situações em que tive pessoas que tinham uma opinião claramente contra e, ao longo de toda a sessão, expressaram isso mas não de uma maneira agressiva. Não aceitavam a homossexualidade porque a religião deles não permitia”, conta José.

Mas, para estes oradores, os principais influenciadores de opinião para grande parte dos adolescentes são os pais e a maneira como lidam com este tipo de assuntos: “a opinião dos pais é muito importante: o ambiente em casa, a mensagem que se transmite, o comentário que o pai faz quando há uma notícia na televisão sobre o casamento homossexual. essa cultura, que é muito subtil mas que passa, influencia muito”, acrescenta Manuel.

 

‘Abrir as cabecinhas’

A sessão decorreu sob o olhar atento de duas professoras, que cederam algumas horas das suas disciplinas para que os seus alunos pudessem assistir à sessão. Célia Cercas, professora de biologia, considerou que esta intervenção serviu para “abrir um bocadinho as cabecinhas” dos alunos, uma vez que, “além daqueles miúdos que têm dúvidas, há aqueles que têm muitas certezas e são certezas muito agarradas ao preconceito”.

(...)

A maneira como foi abordado o tema também agradou às docentes, que consideraram a sessão “leve, como se quer numa primeira abordagem”, referiu Maria Irene Pereira, professora de oficina de artes, “há que ir com cuidado e isso foi uma coisa que me agradou. Foram claros e não houve subterfúgios”.

Olhando para a realidade escolar, muitos destes temas ligados à homossexualidade e à identidade de género não são abordados nas aulas, o que dificulta a vida de muitos alunos que são discriminados: “a descriminação surge sobretudo do desconhecimento e da ignorância que as pessoas têm sobre estes assuntos”, refere José Santos. “é um assunto sobre o qual muita gente se incomoda ainda em falar, professores também, mas principalmente colegas”, conta Joana Pereira, de 18 anos, aluna da Secundária de Palmela, enquanto preenche um questionário, entregue pelos oradores, de avaliação da sessão.

(...)  o preconceito face a estas minorias é algo que muitos jovens nem se preocupam em disfarçar: “vê-se através do comportamento, quando estão na presença de uma pessoa gay ou lésbica. Às vezes, ignoram-na ou afastam-se quando a pessoa se chega ao pé deles. Tratam-nos como se tivessem lepra”, conta.

Joana e Inês garantem que não olham para a homossexualidade dessa maneira, em particular no que toca à adoção de crianças por casais homossexuais. “Eu tinha um pai e uma mãe e fui maltratada por eles e estive em instituições, portanto, para mim, o que interessa é o amor e a educação que se dá à criança”, reflete Inês. Joana, por sua vez, realça a “falta de moral” dos que são contra a adoção: “as pessoas têm de se lembrar que foi um casal heterossexual que abandonou a criança e não um casal homossexual”, afirma Joana.

Com esta sessão, as professoras esperam, acima de tudo, que os seus alunos “ganhem mais saber, um melhor entendimento, que fiquem mais esclarecidos” – refere Maria Irene – mas também que comecem a encarar de outra maneira aquilo que é considerado ‘normal’ de modo a que esta nova geração perceba “que há uma variedade e as pessoas têm de estar abertas a essa variedade”, acrescenta Célia.

Rita.porto@sol.pt

https://sol.sapo.pt/artigo/88752/lgbt-vao-as-escolas-do-pre-conceito-a-educacao


Depois da leitura deste artigo, escreve uma artigo de opinião que te servirá de base para debateres com os teus colegas o tema.

Entrevista um(a) t((e)u(a) colega que conheças que se integre neste grupo. Trata-os com respeito (caso não queiram ser entrevistados, respeita; se preferirem escrever a resposta, deixa que o façam. Se não quiserem se citem o nome, respeita esse direito.

Pergunta-lhes o que sentem; como são tratados; de que forma a sociedade falha no relacionamento com a comunidade LGBT. Insere outras questões que consideres importantes.

Todos os homens são maricas quando estão com gripe

  “Todos Os Homens São Maricas Quando Estão Com Gripe” Vitorino Salomé (original - 2006) / Salvador Sobral https://youtu.be/0IKoYYzTvr...