sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Corações com coroa

 

Corações com Coroa

16 de julho  • Instagram 

Campanha Grito de Paz 2022

Decidimos não ficar indiferentes.

A violação como arma de guerra em zonas de conflito continua a ser utilizada como a “arma mais barata conhecida para o homem”.

Os corpos das mulheres e crianças são assim utilizados como uma ferramenta para causar devastação, intimidação e ordem!

Cabe-nos a nós todos fazer algo!

Francisca De Magalhães Barros (activista e escritora) e a Marisa Liz (cantora e compositora) decidiram chamar a atenção para as violações ocorridas na: Ucrânia; República Democrática Do Congo, Afeganistão; República Centro Africana; Iémen. Juntaram-se a Catarina Furtado e à sua associação Corações Com Coroa e durante 5 semanas vão lembrar as mulheres, crianças, homens, pessoas de todas as idades, esquecidas no meio das violências nestes países e no mundo inteiro. Dia 18 de Julho por volta das 22 horas vai ocorrer uma live que contará com a presença de Francisca De Magalhães Barros e Marisa Liz, Catarina Furtado e os convidados Dr. Gustavo Carona e Raul Manarte.

Só todos junt@s fazemos a diferença!

Partilha em cada semana uma bandeira!

Junta-te a nós!

Junt@s educamos, aprendemos, alertamos e jamais esquecemos!

 

PEÇA TEATRAL

A peça promove a reflexão sobre o amor, o desejo, a descoberta, mas também temas como a violência no namoro, a contraceção, a gravidez adolescente, o planeamento familiar, o bullying e o cyberbullying. O modelo de intervenção, assim como o conteúdo do projeto, enquadram-se na área temática da Educação para a Cidadania, com particular enfoque na Educação para a Igualdade de Género e para a não-violência. Este projeto, com validação da Direção Geral de Educação (2016) e o apoio da Secretaria de Estado da Cidadania e Igualdade.

 

 

·         Tendência de fortalecimento dos direitos reprodutivos
— 76% das nações já têm leis que defendem os direitos sexuais e reprodutivos.
— Apesar da desaceleração provocada pela pandemia da Covid-19, que sobecarregou os sistemas de saúde, a tendência geral é promissora.
2. Avanços na Justiça
— Na COP27, em Novembro, foi acordado o financiamento para “perdas e danos” aos países mais afetados pelas alterações climáticas.
— Líderes apelaram por justiça sexual e reprodutiva.
3. Apelos à segurança em espaços digitais
— Mais de 30 mil pessoas assinaram já a petição do Unfpa pedindo aos decisores políticos e empresas de tecnologia que reconheçam a violência on-line e acabem com ela.
4. Condenação da violência sexual em conflitos
— O Unfpa ajudou milhares de centros de saúde a oferecer atendimento especializado para violação e outras formas de violência sexual em contexto de guerra e conflitos.
5. Ativistas estão a fazer a mudança pelo fim de práticas prejudiciais
No Laos e nas Maldivas, o Unfpa tem usado o TikTok para treinar parteiras e estimular o debate sobre autonomia corporal.
No Bangladesh uma aplicação blockchain promove a entrega produtos de higiene menstrual.
6. Saúde mental como prioridade global
Perante os níveis de ansiedade e depressão pós-pandemia e o aumento do stress pós-traumático de pessoas envolvidos em conflitos e emergências climáticas, o Unfpa ampliou seu apoio psicossocial, encaminhamentos para assistência jurídica e serviços médicos e expandiu o acesso a espaços e abrigos seguros.
7. Menstruação reconhecida como uma questão de direitos humanos
O Conselho de Direitos Humanos adotou uma resolução que assume o estigma, a vergonha e a exclusão associadas à menstruação como uma questão de igualdade de género e direitos humanos.
Alguns países aprovaram a distribuição gratuita de produtos de higiene menstrual e outros debatem as questões da pobreza e dignidade menstrual.
8. Humanidade atingiu 8 mil milhões de pessoas.
A população global chegou aos 8 mil milhões de pessoas, o que significa que mais mulheres sobrevivem ao parto, mais crianças sobrevivem à infância e mais pessoas vivem vidas mais longas e saudáveis.

@unfpa #direitoshumanos

 

coracoescomcoroa

 

 

Não é não!

… O que significa consentimento?

Com as respostas de 29 mulheres livres, encerramos a campanha ““No Means No / Não é Não”.

No âmbito do projeto Talks about Consent, a Corações com Coroa, a FEM- Feministas em Movimento, a Humanity Fórum Portugal, a Associação P&D Factor e a Schools Consent Project com coletivos e ativistas de Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e Reino Unido associaram-se ao movimento global “No Means No / Não é Não” e apresentam nos 16 dias de Ativismo pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, contributos de mulheres livres.


 

https://www.instagram.com/p/CmEC1GhvNzr/

 

 

Conheci-o numa festa, em casa de uma amiga. Tornámo-nos amigos ou talvez mais do que isso. Havia alguma intimidade entre nós. Um dia pediu-me o telemóvel. Não pensei em nada, passei-lho para as mãos. Pôs as ver as minhas fotografias e ia dizendo: não gosto desta, esta nem pensar, vais eliminar isto.

Como? – pensei engasgada – mas o que queria dizer aquilo?

Calei-me. Acho que temos séculos e séculos de educação emotiva e eu gostáva dele. Era tão meigo, tão simpático para comigo, mas àquela, “vais elimar isto”.

 

Calei-me, mas não eliminei

No outro dia, estávamos sozinhos, eu com o telomovel pousado, ele volta a fazer o mesmo. Vê as fotos do meu telemível e muito calmo anuncia: vou eliminar, não gosto, não eliminaste. O sangue subiu-me à cabeça, arranquei-lhe o telemóvel e gritei: Não. Não Tens esse direito.

 

 

 

 

https://www.instagram.com/p/CmwuUANsMQc/

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

LGBT

 

Acão da associação de jovens –rede ex aequo.  

https://www.rea.pt/

 

LGBT vão às escolas: Do 'pré-conceito' à educação

O Projeto Educação LGBT, da rede ex aequo, desloca-se às escolas de todo o país para falar sobre temáticas que, na sua maioria, não são abordadas em contexto escolar como orientação sexual, identidade e expressão de género. O SOL foi assistir a uma sessão informativa, que teve lugar na Escola Secundária de Palmela, que envolveu várias dinâmicas de grupo e acesos debates, especialmente entre alunos.



O ambiente é de expectativa. os alunos da Secundária de Palmela não sabem muito bem o que vai acontecer (...)

Finalmente dá-se início à sessão. “então que nomes é que vocês conhecem para gays?”, pergunta José Santos, um dos oradores, depois da formal apresentação e explicação da sessão e do projeto que integra. Entretanto, no quadro, já estavam quatro colunas, cada uma com um nome: gay, lésbica, bissexual e transgénero, desenhadas por Manuel Mateus, outro orador.

Incrédulos, os alunos começam a trocar sorrisos envergonhados. “vá lá, não me digam que não conhecem nenhuns!”, argumenta Manuel. Ao fim de algum tempo, os primeiros começam a arranjar coragem e respondem: “paneleiro!”, diz uma aluna, entre uma troca de risos com a colega do lado; “maricas!”, responde outro.

“E mais?” Continua Manuel, “agora para lésbicas”.  “Machona!”, responde outra rapariga; “camionista!”, diz o colega do lado. José vai escrevendo as várias respostas no quadro. “Então e transgénero, sabem o que é?”, questiona Manuel. Silêncio. Alguns dizem que não com a cabeça, outros encolhem os ombros. Quase ninguém tinha ouvido falar neste conceito que abrange os indivíduos que transgridem os papéis de género que a sociedade lhes atribui como, por exemplo, os travestis, os transexuais, os intersexuais, etc.

“Este projeto serve exatamente para isto: para colmatar o facto da orientação sexual, a identidade de género e a expressão de género não serem discutidas nas escolas”, explica José Santos.


Trata-se do projeto educação lgbt (lésbicas, gays, bissexuais e transgenéros), da rede ex aequo – associação portuguesa de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes – que surgiu em 2005, com apoios financeiros da fundação europeia da juventude do conselho da europa (entre janeiro a setembro de 2005). Este projeto organiza sessões informativas com o objetivo de “dar apoio aos jovens lgbt, além de intervir na sociedade, junto das entidades políticas e de ‘educar’ a sociedade para as questões da homossexualidade, bissexualidade e transgenerismo”, explica José, um dos coordenadores do projeto educação.

(...)  “pretendemos abordar o bullying homofóbico e tentar desconstruir o preconceito no sítio onde este se dá, que é sobretudo nas escolas”, refere Manuel.

Desconstruir (pré)conceitos

A abordagem destas temáticas é feita através de técnicas de educação não formal, isto é, são intervenções que envolvem os alunos em várias dinâmicas e exercícios de grupo.

Um desses exercícios obriga os alunos a levantarem-se para formarem uma fila e à medida que os oradores vão fazendo diversas afirmações, vão dando um passo para a direita se concordam, para a esquerda se não concordam ou mantêm-se no lugar caso não tenham opinião.

Estas intervenções acabam por gerar debate não só com os oradores mas também entre os próprios alunos. Foi o caso de uma das afirmações: ‘num casal homossexual, há sempre um que faz de homem e outro que faz de mulher’. Apesar de a maioria ter concordado, gerou uma onda de comentários: “há sempre um que é mais gay e o outro que é mais normal”, comentou uma aluna; “isso depende do gosto de cada um”, disse outro estudante. A explicação dada por José foi mais metafórica: “normalmente comemos de garfo e faca, certo? Então e quando comemos de pauzinhos? Também há um que faz de garfo e outro de faca?”.

(...)  a verdade é que o confronto com opiniões homofóbicas e ofensivas não é muito comum neste género de iniciativas: “só houve duas situações em que tive pessoas que tinham uma opinião claramente contra e, ao longo de toda a sessão, expressaram isso mas não de uma maneira agressiva. Não aceitavam a homossexualidade porque a religião deles não permitia”, conta José.

Mas, para estes oradores, os principais influenciadores de opinião para grande parte dos adolescentes são os pais e a maneira como lidam com este tipo de assuntos: “a opinião dos pais é muito importante: o ambiente em casa, a mensagem que se transmite, o comentário que o pai faz quando há uma notícia na televisão sobre o casamento homossexual. essa cultura, que é muito subtil mas que passa, influencia muito”, acrescenta Manuel.

 

‘Abrir as cabecinhas’

A sessão decorreu sob o olhar atento de duas professoras, que cederam algumas horas das suas disciplinas para que os seus alunos pudessem assistir à sessão. Célia Cercas, professora de biologia, considerou que esta intervenção serviu para “abrir um bocadinho as cabecinhas” dos alunos, uma vez que, “além daqueles miúdos que têm dúvidas, há aqueles que têm muitas certezas e são certezas muito agarradas ao preconceito”.

(...)

A maneira como foi abordado o tema também agradou às docentes, que consideraram a sessão “leve, como se quer numa primeira abordagem”, referiu Maria Irene Pereira, professora de oficina de artes, “há que ir com cuidado e isso foi uma coisa que me agradou. Foram claros e não houve subterfúgios”.

Olhando para a realidade escolar, muitos destes temas ligados à homossexualidade e à identidade de género não são abordados nas aulas, o que dificulta a vida de muitos alunos que são discriminados: “a descriminação surge sobretudo do desconhecimento e da ignorância que as pessoas têm sobre estes assuntos”, refere José Santos. “é um assunto sobre o qual muita gente se incomoda ainda em falar, professores também, mas principalmente colegas”, conta Joana Pereira, de 18 anos, aluna da Secundária de Palmela, enquanto preenche um questionário, entregue pelos oradores, de avaliação da sessão.

(...)  o preconceito face a estas minorias é algo que muitos jovens nem se preocupam em disfarçar: “vê-se através do comportamento, quando estão na presença de uma pessoa gay ou lésbica. Às vezes, ignoram-na ou afastam-se quando a pessoa se chega ao pé deles. Tratam-nos como se tivessem lepra”, conta.

Joana e Inês garantem que não olham para a homossexualidade dessa maneira, em particular no que toca à adoção de crianças por casais homossexuais. “Eu tinha um pai e uma mãe e fui maltratada por eles e estive em instituições, portanto, para mim, o que interessa é o amor e a educação que se dá à criança”, reflete Inês. Joana, por sua vez, realça a “falta de moral” dos que são contra a adoção: “as pessoas têm de se lembrar que foi um casal heterossexual que abandonou a criança e não um casal homossexual”, afirma Joana.

Com esta sessão, as professoras esperam, acima de tudo, que os seus alunos “ganhem mais saber, um melhor entendimento, que fiquem mais esclarecidos” – refere Maria Irene – mas também que comecem a encarar de outra maneira aquilo que é considerado ‘normal’ de modo a que esta nova geração perceba “que há uma variedade e as pessoas têm de estar abertas a essa variedade”, acrescenta Célia.

Rita.porto@sol.pt

https://sol.sapo.pt/artigo/88752/lgbt-vao-as-escolas-do-pre-conceito-a-educacao


Depois da leitura deste artigo, escreve uma artigo de opinião que te servirá de base para debateres com os teus colegas o tema.

Entrevista um(a) t((e)u(a) colega que conheças que se integre neste grupo. Trata-os com respeito (caso não queiram ser entrevistados, respeita; se preferirem escrever a resposta, deixa que o façam. Se não quiserem se citem o nome, respeita esse direito.

Pergunta-lhes o que sentem; como são tratados; de que forma a sociedade falha no relacionamento com a comunidade LGBT. Insere outras questões que consideres importantes.

Igualdade de Género

 

Educação para a Cidadania, os Direitos Humanos, a Educação para a Igualdade e Saúde Sexual Compreensiva – um contributo Catarina Furtado Embaixadora de Boa Vontade do UNFPA, Presidente da Associação Corações Com Coroa. A construção de sociedades mais justas, humanistas, desenvolvidas e solidárias passa necessariamente pela promoção e defesa da cidadania e dos direitos fundamentais de cada uma e de todas as pessoas, num coletivo estrutural para a construção de um mundo melhor com pessoas informadas, responsáveis, empoderadas, de todas as idades e origens socioculturais. Uma das aprendizagens que me interessa passar é a de que os conceitos Cidadania, Igualdade e Desenvolvimento são indissociáveis de Direitos Humanos. A expressão Direitos Humanos num título de uma conferência, num artigo técnico ou de opinião cria sempre expectativas sobre o que podemos vir a saber para fazer mais e melhor pela humanidade, sem esquecer nunca quem é mais invisibilizado ou esquecido, ou seja, as meninas e as mulheres. Importa também reforçar o papel da escola, o palco transformador de comportamentos e culturas e potenciar aqueles e aquelas que no presente, queremos que construam um mundo melhor, mais empático e responsável, os rapazes e raparigas desta nossa humanidade partilhada. Os direitos humanos são universais, indivisíveis, inalienáveis e interdependentes, são direitos fundamentais protegidos por mecanismos legais que visam incluir no tecido social, nas políticas públicas e nos comportamentos individuais e coletivos, o sentido de pertença e respeito máximo pelo outro. Sempre em harmonia com os pressupostos de não violência, não discriminação e inclusão social, essenciais para o futuro deste mundo global. Enquanto Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) tenho ouvido muitas histórias na 1.ª pessoa onde a maternidade adolescente, os casamentos precoces e forçados, o VIH/SIDA, a mutilação genital feminina (MGF), a mortalidade materno-infantil, a violência nas relações afetivas e familiares, integram o dia-a-dia de milhões de crianças, jovens e pessoas adultas nos diferentes continentes. Mas a verdade é que também conheço a resiliência e a força de grupos de mulheres e jovens que fazem a diferença nas suas comunidades e países, como por exemplo, os clubes de liderança feminina que conheci no Ghana, as bancadas femininas em Moçambique, que juntam raparigas para debater e agir contra a violência (incluindo a sexual) e a discriminação com base no género, os grupos de mulheres e jovens da Guiné Bissau que recusam a MGF e os casamentos precoces e forçados, ao mesmo tempo que promovem e apoiam a educação formal e os cuidados adequados de saúde sexual e reprodutiva de meninas e raparigas da sua família, do seu bairro, da sua tabanka, do seu país. São histórias inspiradoras que ajudam a mobilizar saberes, vontades e recursos e permitem um contributo essencial para que a Agenda 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os Direitos Humanos se cumpram, sem esquecer ninguém. A Educação para a Igualdade e Saúde Sexual e Reprodutiva é também parte essencial da missão da Associação Corações Com Coroa (CCC) que fundei há 7 anos e da qual sou presidente. Missão que tem entre as respostas sociais empoderadoras para as necessidades encontradas, as Bolsas de Estudo CCC (dirigidas exclusivamente a raparigas a partir do 9.º ano da escolaridade e ensino universitário e que incluem aconselhamento bio-psico-social); o Atendimento CCC (com consultas gratuitas em áreas como a psicologia, o serviço social, saúde, medicina dentária, aconselhamento alimentar, apoio jurídico e que abrangem temáticas como sexualidade e informação contracetiva, parentalidade positiva, violências e discriminação, consumos, entre outras) e ainda o projeto CCC vai à Escola. Trata-se de uma resposta artística-pedagógica assente num texto de Jorge Palinhos, com encenação de Natália Luiza e interpretado por uma dupla de atores. Entre 2016 e dezembro de 2018 foi apresentado e debatido em 431 turmas do 9.º ano, em escolas de vários pontos do país, para um universo de 1738 raparigas e 1795 rapazes. A violência no namoro, a gravidez adolescente, as relações afetivas, o bullying e ciberbullying, os pedidos de ajuda, os percursos escolares interrompidos e a exclusão social, são alguns dos temas que são abordados e esmiuçados por uma técnica da associação, num debate realizado a seguir à peça de teatro, e onde, frequentemente, se partilham testemunhos que não nos deixam dúvidas sobre a pertinência do projeto. O modelo de intervenção CCC vai à Escola, assim como o seu conteúdo, enquadra-se na Educação para a Cidadania, com particular enfoque na Educação para a Igualdade de Género, Educação Sexual e Não-violência. CCC Vai à Escola visa reforçar a importância de rapazes e raparigas conhecerem e refletirem sobre os seus direitos e o poder transformador que essa aprendizagem poderá ter no seu futuro, procurando uma consciencialização sobre temas adequados ao seu nível etário e de escolaridade. Trata-se simultaneamente de uma ferramenta de ação na desconstrução de estereótipos que perpetuam comportamentos não saudáveis e não responsáveis e de prevenção de situações de violência e discriminação. Reforça a identificação e o reconhecimento das problemáticas e promove a capacidade de agir sobre elas, incluindo através do desenvolvimento de diferentes competências. Esta abordagem da Educação Sexual Compreensiva e Abrangente no contexto da Educação para a Cidadania, partindo das necessidades identificadas e das respostas urgentes para um efetivo avanço dos Direitos Humanos, da igualdade de género e da melhoria do acesso à saúde sexual e reprodutiva, representa uma parte muito significativa do meu compromisso e contributo para um mundo com o qual verdadeiramente me identifico e com o qual sonho. O mundo que gostaria que os meus filhos adolescentes ajudassem a construir. Na CCC conhecemos alguns dos avanços e desafios que se colocam à Igualdade, aos Direitos Humanos, à Cidadania e ao Desenvolvimento em Portugal e no Mundo, e acreditamos que ao informar, comunicar e partilhar estes temas, provocamos a ação e a mudança na sociedade civil, nas agendas públicas e políticas e na vida de cada pessoa. E para isso, também contamos com a colaboração da porta-voz para as temáticas da juventude, a atriz Mariana Monteiro que, com verdadeiro espírito de missão, partilha o seu tempo e saber com muitas raparigas e rapazes. Para aprofundar algumas destas informações e pesquisar recursos técnico pedagógicos proponho que se consulte, por exemplo: https://www.unfpa.org/comprehensive-sexuality-education; https://popdesenvolvimento.org/images/noticias/WHO_SHRH_2018_EN.pdf; http://www.coracoescomcoroa.org/about. Contactos CCC: E-mail: coracoescomcoroa@gmail.com, Telefones: 935 038 798 / 215 990 053. Site: www.coracoescomcoroa.org. Rua da Junqueira, 295-297, 1300-338 Lisboa

 

https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/boletim/educacao_para_a_cidadania_os_direitos_humanos_a_educacao_para_a_igualdade_e_saude_sexual_compreensiva_-_um_contributo.pdf

 

 

 

 

 

Em que consiste a violência de género?

 

Para melhor conheceres a tua comunidade, entrevista pessoas de diferentes etnias, raças, religiões e orientação sexual. Regista em vídeo/audio os testemunhos.

Fala com pessoas de diversas etnias, raças e religiões e crenças espirituais

Discussão do tema

Questionário:

 

Alguma vez sentiste que os teus direitos humanos foram desrespeitados?

Pesquisa sobre sobre:

Igualdade salarial

Direitos humanos

Igualdade de género

Elabora uma notícia sobre o tema abordado que mais te impressionou  e publica-a nos órgãos de comunicação social da escola.



by Catarina Furtado

 

No Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, recordamos o testemunho de Catarina Furtado, Embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, que num artigo publicado originalmente na edição de abril de 2019, dá voz às vítimas da mutilação genital feminina. 

genital feminina. 

 

 

“Tinha sete anos, fui levada pela minha mãe a uma festa onde estavam outras meninas e muitas tias. Havia música. Lembro-me de sentir uma dor muito forte e depois esqueci. Tive oito filhos, quatro já morreram. Sou filha, neta e sobrinha de fanatecas, eu também praticava mas abandonei porque temos uma lei que proíbe este ritual. Percebi o que acontecia às mulheres. Nas minhas netas ninguém mexe. Eu não deixo!”, Binta.

Frases curtas de uma longa e dolorosa conversa que tive recentemente com uma ex-fanateca em Bissau. Sentei-me bem perto de Binta a ouvir a sua história, depois de uma sessão de sensibilização com crianças, jovens, mulheres e líderes religiosos, num dos bairros da capital da Guiné-Bissau, protagonizada por Fatumata Djau Baldé, uma defensora acérrima dos direitos das mulheres e Presidente do Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e da Criança (CNAPN). 

 

Uma conversa com confidências de uma intimidade que custa ser partilhada. Às vezes sinto-me esmagada pelo conteúdo da informação, mas também pela confiança que cada testemunha deposita na minha vontade de querer saber mais para poder informar e denunciar melhor. São momentos de uma imensa generosidade que revelam sentimentos e factos muito difíceis de digerir e, apesar de eu estar familiarizada com o tema, tenho a clara noção de que a minha empatia não chegará nunca para entender o real impacto ao nível emocional e físico nestas crianças, raparigas e mulheres. Ao longo dos anos tenho ouvido muitas histórias verdadeiras neste idioma que nos une. Mas também noutros cantos deste mundo onde nascer mulher continua a significar ser vítima, sobrevivente e guerreira de uma igualdade empoderada que tarda em chegar. 

São cerca de 200 milhões de meninas e raparigas que têm na memória uma dor incalculável e uma marca eterna. Eu vi meninas a saírem das suas tabancas de pernas abertas, a arrastarem-se. Eu ouvi gritos acutilantes que necessariamente teriam de atravessar todas as fronteiras do mundo para ensurdecer os decisores ao ponto de se dizer basta. Se nada for feito até 2030 serão mais 68 milhões vítimas (só em 25 países). Uma realidade que está apenas a 11 anos daquele que é o compromisso com o presente e o futuro da nossa humanidade, explícito na agenda global dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), também assinada por Portugal.


A Mutilação Genital Feminina (MGF) é a prática de que lhe falo numa imparcialidade inevitável. A primeira vez que abordei o tema foi em Nova Iorque num encontro de Embaixadores das Nações Unidas. Num intervalo dos trabalhos, a fabulosa modelo Internacional Waris Dirie contou-me a sua história pessoal de uma vez só e deixou-me sem reação. Relatou sem pieguices a dor que sentiu quando tinha cinco anos e a passividade com que se é obrigada, necessariamente a sentir essa dor. “Todo o ritual é baseado no poder do homem. As meninas não sabem o que lhes vai acontecer mas na noite anterior têm atenções especiais e uma refeição extra, mais apetecível. Disseram-me que no dia seguinte seria Mulher e que bom que era! Não foi. Nunca mais foi.”

Waris nunca se sentiu recuperada apesar da coragem de, aos 13 anos, ter fugido pelo deserto porque não queria casar com essa idade e de a sua vida ter dado uma volta de 180 graus: passou de uma cabana de pastores na Somália para as capas da Vogue de todo o mundo, quando já em Londres, alguém de uma agência de modelos a descobriu por acaso e não ficou indiferente à sua beleza. A sua história já deu um livro e um filme, Flor do Deserto. Mas a verdade é que apesar deste sucesso todo, eu senti que Waris tinha uma urgência quase incontrolada de contar a sua experiência de viva voz, porque não a aguenta apenas na sua memória e nas consequências.

Disse-me que na altura, apesar de ter estado alguns dias com uma infeção e febres altas, tinha tido muita sorte porque não morreu como tantas outras mulheres e crianças que tiveram esse desfecho devido a hemorragias, choques, septicemias ou tétano. Lembro-me que uma das confissões que me mais me marcou nesse nosso encontro foi ter partilhado a sua incapacidade para amar e para se deixar amar. E não estava apenas a falar da dimensão sexual (disse-me inclusivamente que nunca soube o que é ter prazer, que não conhece o significado de um orgasmo), mas do impacto que a mutilação genital tinha tido e continuava a ter na sua vida e nas relações afetivas, que a impediu de conseguir construir bases sólidas de dar e receber. A sua batalha diária transformou-se no Fim da MGF, falando em voz alta, publicamente, para que a erradicação desta prática nefasta seja um dia realidade. Waris continua a fugir sem se deixar apanhar porque uma parte de si, verdadeiramente importante, lhe foi roubada e ficou para sempre no deserto. 

A MGF, que também é designada por expressões como fanado, cirurgia, prática tradicional, corte e tantas outras, para o sistema das Nações Unidas e diferentes organizações nacionais e internacionais, corresponde simplesmente à definição: toda a intervenção sobre os genitais femininos por razões não médicas. Para o Dr. Mourissanda Kouyaté, médico de Saúde Pública e perito junto da ONU, práticas tradicionais nefastas “são todas as práticas feitas deliberadamente por homens e mulheres noutros seres humanos por razões não médicas, mas sim por motivos culturais e convenções sociais e que têm consequências nefastas na saúde e nos direitos das vítimas”.

De acordo com os dados mais recentes do Fundo das Nações Unidas para a População, UNFPA (do qual sou Embaixadora de Boa Vontade há já 19 anos), a MGF, dependendo dos países e das comunidades, é praticada por pessoas mais velhas e com relevância simbólica nos bairros (mulheres e homens), por membros de sociedades secretas, por curandeiras, por familiares respeitosos. Há, no entanto, dados preocupantes que apontam, em alguns lugares do mundo e contrariando as decisões das associações representativas, o exercício da MGF por profissionais de saúde em ambiente hospitalar ou de consultório. Por exemplo, no Egito (38%), Sudão (67%), Quénia (15%), Nigéria (13%) e Guiné-Conacri (15%). Estudos e registos de meninas e mulheres que sofreram algum tipo de mutilação genital feminina existem em pelo menos 71 países de África, Ásia, Médio Oriente, América do Sul, Europa (incluindo Portugal) e EUA. Ou seja, quem hoje lê este texto, provavelmente, já se cruzou na sua vida diária, em tempo de férias ou viagens profissionais, com uma mulher, jovem ou criança vítima ou em risco de o vir a ser.

Mas na verdade, nem todas as meninas e mulheres oriundas dos países com prevalência de MGF foram mutiladas. Também não é a religião o fator determinante – porque existem meninas e mulheres com MGF em diferentes religiões. A MGF não é uma prática de natureza religiosa, não consta em nenhum livro sagrado (Bíblia, Tora e Corão) e está identificada em grupos cristãos (protestantes, católicos e coptas), judeus, animistas, muçulmanos e ateus. Aqui mesmo em Portugal, num encontro promovido pela minha associação sem fins lucrativos, Corações Com Coroa, Malam Djassi, prof. corânico e líder religioso guineense explicou-me que “o Islão é uma religião de paz e apela sempre ao cumprimento da legislação dos países e aos direitos humanos”.

Quando vejo e converso com vítimas e sobreviventes de uma MGF, quando participo em conferências e ações de formação onde as fotografias e os diagramas são revelados, quando leio os relatórios e oiço as histórias recolhidas em tantas partes do mundo, eu não vejo os símbolos que aparecem sempre agregados às campanhas, as flores costuradas, as gotas de sangue ou as lâminas, algumas enferrujadas. O que me chega, o que me atinge, são as dores, o sofrimento e a resiliência que se transformam em força quando estas mulheres percebem que estão seguras e com confiança para falar, partilhar e fazer a diferença. Oferecendo corajosamente a sua história para que outros a contem, participando em pequenos grupos ou palestras, cada uma destas mulheres representa a capacidade de se reerguer, e são uma inspiração inesgotável que me leva a escrever e a falar em prol do abandono da MGF e de todas as práticas nefastas aos direitos humanos de meninas e mulheres.


“Sentia muitas dores na menstruação, mas diziam que era normal. Tinha dores quando fazia relações sexuais, mas diziam que era normal. Só quando o meu filho nasceu e eu me rasguei ao ponto de fazer uma fístula obstétrica e fui ao médico, é que percebi que não era normal. Eu tinha uma mutilação muito severa. Passados uns anos vim para Portugal estudar. Hoje sou enfermeira e vou voltar ao meu país para ajudar a família mas também para salvar as meninas e as mulheres que lá ficaram”, Cadija.

Com frequência vou a escolas e universidades onde este assunto nunca foi falado. Encontro-me amiúde com jovens portuguesas, mas com origens familiares noutras geografias onde a MGF é praticada que têm filhas, sobrinhas e netas e que me dizem que aqui em Portugal, o assunto nunca foi abordado nas creches, escolas ou em consultas médicas. Falam-me da campanha contra a mutilação genital feminina exposta no Aeroporto de Lisboa, do episódio do meu programa de televisão Príncipes do Nada, onde abordei esta temática e de um ou outro encontro com associações. Mas também desabafam que são quase sempre os homens a marcar presença nas reuniões porque elas ou estão a trabalhar ou não querem partilhar as suas histórias com pessoas que não as entendem.

A Mariama, por exemplo, vive em Portugal há 17 anos, frequenta semanalmente a mesquita próxima da sua casa mas também aí nunca falam do assunto. Chego muitas vezes à conclusão de que com a implementação da lei em 2011 na Guiné-Bissau e com projetos promovidos no terreno por diferentes associações, a consciência de que a MGF é uma terrível violação dos direitos humanos da meninas e mulheres está mais clara neste país em desenvolvimento do que no nosso. Enquanto Embaixadora de Boa Vontade do UNFPA tive oportunidade de participar nas Nações Unidas numa Conferência onde se afirmava que somos a geração que pode pôr fim à MGF e que para tal é crucial que sejamos capazes de estabelecer pontes entre países e saberes. Sei que é o caminho que se está a fazer quando, por exemplo, tenho a oportunidade de testemunhar o trabalho de equipas da Associação P&D Factor e do CNAPN nos bairros de Bissau ou quando me reúno no concelho de Lisboa com grupos de profissionais, jovens ou mulheres, para falar de Direitos Humanos e onde a MGF, os casamentos infantis, precoces, arranjados e forçados são sempre tema.


Vezes demais considerada como um ritual de passagem para a vida adulta, a MGF pode resultar em graves complicações para a saúde, incluindo infeções, dor crónica, quistos, infertilidade, além de problemas de saúde mental como o stress pós-traumático. Pode até ser mortal. Mas tem outra dramática consequência que é afastar as meninas da escola e da proteção social. Recordo por isso as palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres: “Com a dignidade, a saúde e o bem-estar de milhões de meninas em jogo, não há tempo a perder. Juntos, podemos e devemos acabar com essa prática prejudicial.”

A ONU define Direitos Humanos como “garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana” pelo que sublinho que a MGF feita em qualquer parte do mundo é sempre um atentado grave aos direitos, à saúde, à integridade física, à não sujeição a nenhuma forma de tortura ou tratamento cruel, à não discriminação, aos Direitos ao Desenvolvimento. Para se erradicar a mutilação genital feminina são necessários esforços coordenados, sistemáticos e contínuos, que devem envolver todas as comunidades e atores sociais defendendo a igualdade de género, sem esquecer a saúde sexual e reprodutiva de quem sofre as consequências desta prática. 

Precisamos de partilhar os conhecimentos, de empoderar as raparigas e as mulheres, de educar os jovens e os menos jovens para a não violência e a não discriminação. Precisamos de empatia solidária e humanista. 

Gostava de ser capaz de pôr a prevenção, a cidadania e os direitos de quem não se consegue defender sozinha na agenda diária de todas as decisões políticas e técnicas que formatam as nossas vidas no mundo inteiro. Um mundo que desejo sem muros, nem fronteiras de língua, religião ou cultura. No ano em que o UNFPA comemora o seu 50.o aniversário não posso deixar de lembrar que erradicar a MGF é uma das nossas missões e que muito há ainda a fazer, se possível, no espaço de uma geração. Informar, prevenir, proteger, tratar e amar é um mantra que repito todos os dias em nome de todas as heroínas que tenho conhecido e que não esqueço.

Se quiser saber mais, procure em: www.unfpa.orgwww.popdesenvolvimento.orgwww.cig.gov.pt.

Artigo originalmente publicado na edição de abril 2019 da Vogue Portugal.


-Informa-te sobre os países e comunidades nas quais é praticada a mutilação genital.

Consulta, por exemplo o sítio: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47136842

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“A mendiga e o samurai” – surpreendente conto japonês que fará com que você repense seus relacionamentos

Por

 Revista Pazes

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agosto 5, 2019

Conta-se que um bravo samurai viveu na ilha de Hokaido, no norte do Japão. Era um senhor feudal que possuía grandes áreas de terra, tendo, assim, muitos súbditos. Tudo adquiriu após diversas batalhas, ao comando das tropas do Imperador.

Certa altura, após uma guerra, voltou para a sua terra natal e decidiu que iria casar-se. Tratava-se de um homem forte e belo e, quando a notícia de que o Samurai desejava casar-se se espalhou, por toda a ilha toda a mulher desejava ser escolhida.  As mulheres mais bonitas da ilha e de outras ilhas mais distantes  visitavam-no em seu palácio, sendo que muitas delas lhe ofereceram, além de sua beleza e encantos, muitas riquezas. Nenhuma, contudo,  o satisfez o suficiente para se tornar sua esposa.

Um dia, uma jovem maltrapilha e simples  chegou ao palácio do Samurai e, com muita luta, conseguiu uma audiência:
“Eu não tenho nada material para lhe oferecer, só posso lhe dar o grande amor que sinto por si”. Como prova, complementou: “Se me permitir, posso fazer algo para mostrar esse amor”.

Isso despertou a curiosidade do Samurai, que lhe pediu para dizer o que poderia fazer.

“proponho-me  passar 100 dias na sua varanda, sem comer ou beber nada, exposta à chuva, relento, sol e frio à noite. Se eu aguentar esses 100 dias, far-me-á sua esposa”, afirmou a jovem.

O Samurai, surpreso (embora não comovido), aceitou o desafio. Ele disse: “Eu aceito. Se uma mulher pode fazer tudo isso por mim, é digna de ser minha esposa”.

Dito isto, a mulher começou o seu sacrifício.

Os dias começaram a passar e a mulher suportou bravamente as piores tempestades. Muitas vezes, sentia que desmaiava de fome e frio, mas o imaginar que haveria de estar ao lado de seu grande amor, encorajou-a. 

De tempos em tempos, o Samurai mostrava-lhe o rosto do conforto de seu quarto e acenava com o polegar.

À noite a temperatura caiu para muitos graus negativos e isso por si só deveria ser um grande sofrimento, porque a rapariga não tinha um único cobertor.

Foi assim que o tempo passou: 20 dias, 50 dias… As pessoas da ilha ficaram felizes porque pensaram: Finalmente teremos uma esposa para o nosso Senhor!

90 dias … O Samurai continuou a mostrar a cabeça de vez em quando para ver como estava o sacrifício de sua pretendente: “Esta mulher é incrível”, pensou consigo mesmo, e  encorajou-a novamente.

O dia 99 finalmente chegou e todos os habitantes da ilha começaram a  reunir-se nos arredores do palácio para ver o momento em que aquela mulher se tornaria a esposa do Samurai. Eles estavam contando as horas, porque às 12 horas daquele dia, teriam um casamento.

A pobre mulher, na sua grande simplicidade, foi ainda acometida por extrema fraqueza e por doenças… Então algo inesperado aconteceu: às 11 da noite do centésimo dia, a mulher corajosa  rendeu-se e decidiu.se  retirar daquele palácio. Deu uma olhadela triste no Samurai que o fitava surpreso e saiu sem dizer uma palavra.

As pessoas ficaram chocadas! Ninguém conseguia entender por que aquela mulher corajosa desistira uma hora antes de ver os seus sonhos se realizarem. Ela que já tinha suportado tanto!

Ao chegar a sua casa, o seu pai já sabia da sua desistência e perguntou: “Por que desististe de ser a esposa do grande Samurai?”

E, para seu espanto, a rapariga respondeu: “Eu estive 99 dias e 23 horas na sua varanda, suportando todos os tipos de calamidades e ele foi incapaz se me libertar desse sacrifício. Ele  viu o meu sofrimento e só me encorajou a continuar, sem mostrar nem um pouco de compaixão pelo meu sofrimento. Esperei todo esse tempo por um vislumbre de bondade e consideração que nunca veio. Então eu entendi: uma pessoa tão egoísta, imprudente e cega, que só pensa em si mesma, não merece o meu amor!”

Isso nos faz refletir: quando se ama alguém e se ente que para manter essa pessoa ao seu lado se tem que sofrer, sacrificar a sua essência e até implorar, mesmo que doa,  retire-se, não tanto porque as coisas ficam difíceis, mas porque quem não nos faz sentir valorizado, quem não é capaz de nos doar o melhor de si mesmo, será incapaz de retribuir o compromisso e a entrega que lhe dispensamos e, DEFINITIVAMENTE, merecemos um amor do tamanho nós próprios..

Este conto foi adaptado do site: Rincón del Tibet
.


 1.Com quem te identificas mais: com o  Samurai ou com a Mendiga ?

2. Faz um comentário ao artigo tendo em linha de conta a atitude do Samurai e da Mulher. 


Penélope foi uma heroína mítica, cuja beleza não era maior que seu caráter e sua conduta. Filha de Icário, um príncipe espartano, Ulisses pediu-a em casamento conquistando-a entre muitos competidores que participaram dos jogos instituídos por seu pai. Porém depois do casamento, quando chegou o momento em que a jovem esposa deveria deixar a casa paterna, seu pai Icário não aceitando a ideia de separar-se da filha, tentou persuadi-la a permanecer ao seu lado e não acompanhar o marido a Ítaca. Ulisses deixou que Penélope escolhesse e ela silenciosamente cobriu o rosto com um véu e seguiu o marido. Icário entendeu e mandou construir uma estátua do Pudor onde se havia separado da filha.

 

Ulisses e Penélope haviam se casado e apenas um ano depois tiveram de separar-se em virtude da partida de Ulisses para a Guerra de Troia. Enquanto Ulisses guerreava em outras terras e seu destino era desconhecido, o pai de Penélope sugeriu que sua filha se casasse novamente, mas por ser uma mulher apaixonada e fiel ao seu marido, recusou dizendo que o esperaria a volta de Ulisses.

 

Durante a longa ausência de Ulisses muitos duvidavam que ele ainda estivesse vivo ou que era improvável que algum dia retornasse. Penélope foi importunada por inúmeros pretendentes, dos quais parecia não poder livrar-se senão escolhendo um deles para esposo. Contudo, Penélope lançou mão de todos os artifícios para ganhar tempo, ainda esperançosa do regresso de Ulisses.

 

Um de seus artifícios foi o de alegar que estava empenhada em tecer uma tela para o dossel funerário de Laertes, pai de seu marido, comprometendo-se em fazer sua escolha entre os pretendentes quando a obra estivesse pronta. Durante o dia, aos olhos de todos, Penélope trabalhava tecendo; à noite, secretamente desfazia o trabalho feito. E a famosa "Tela de Penélope" passou a ser uma expressão proverbial, para designar qualquer coisa que está sempre sendo feita mas que nunca termina.

 

Porém tendo sido descoberta em seu artificio, ela propôs outra condição ao seu pai. Conhecendo a dureza do arco de Ulisses, ela afirmou que se casaria com o homem que o conseguisse encordoar. Dentre todos os pretendentes, apenas um camponês humilde conseguiu realizar a proeza. Imediatamente este camponês revelou ser Ulisses, disfarçado após seu retorno. Penélope e Ulisses tiveram apenas um filho chamado Telêmaco.

 

********************

 

O mito de Penélope mostra uma das mais claras e populares imagens de feminilidade, da pessoa que espera pelo amor e enquanto espera, pacientemente, borda, tece, junta os fios e as cores. A referência à difícil trama dos tapetes, do desencontro dos fios e da combinação das cores, tanto nos reporta aos acontecimentos da própria existência, tecidos por uma dolorosa memória, como nos fala de criação, invenção e a possibilidade de conhecer outros caminhos.

 

A tela que Penélope tece tem o objetivo de protegê-la e aquecê-la. Destituída de afeto, ela tece para cuidar de si mesma em seus piores momentos de solidão e, ainda que espere por Ulisses por toda sua vida, não tece porque espera, ela tece a sua solidão, seu sentimento de abandono, de orfandade e rejeição. Enquanto espera, desfaz os pontos antigos, cria outros desenhos, novas matizes à espera de si mesma. A espera é uma contagem regressiva da esperança que Penélope coloca nos Laços e Nós de sua tapeçaria.

 

Os laços são os vínculos afetivos que nos unem aos outros. Com a convivência ou pela falta dela, os problemas surgem e os laços se transformam em Nós. O Nó não se forma entre o homem e a mulher, ele se forma entre o Eu e o Outro. Os Nós são os problemas existentes nos relacionamentos, os desafios de conviver com o outro. Nó é o nome que damos às crises e às dificuldades naturais das pessoas que convivem e das uniões amorosas: desencontros, brigas, medo de não ser amado, ciúmes, tédio, falta de liberdade, questões sexuais, infidelidade, problemas financeiros, divisão do trabalho doméstico, problemas de convivência com as famílias etc.

 

Os nós acontecem não por falta de amor, pelo menos não necessariamente. Os Nós acontecem mesmo onde exista amor; é da natureza humana a dificuldade para se relacionar. Os seres humanos não conseguem viver sozinhos e não sabem viver juntos. E nos relacionamentos só há três a fazer: evitar que os Nós aconteçam, desfazer os Nós ou pelo menos afrouxá-los até poder desatá-los.

 

Evitar que os Nós aconteçam é uma tarefa que depende do cuidado amoroso, aceitando o outro como ele é, usando de criatividade para fugir da rotina. Embora sejam recomendações fáceis, são difíceis de serem praticadas, porque temos de conviver ainda com a nossa raiva, nossa insegurança, nossa agressividade e tantos outros sentimentos que convivem dentro de nós mesmos, lado a lado com os nossos bons e nobres sentimentos.

 

Não basta apenas ter amor para desatar os Nós entre as pessoas. O amor não desata, pois sua tendência natural é atrair, unir e ligar. Quando há sofrimento, é preciso abandonar as fantasias e adquirir habilidades para comunicar-se bem com o outro, despertando-o para uma conversa amorosa, sem discursos, xingamentos e acusações.

Nos relacionamentos é mais importante saber ouvir do que falar, porque a conversa implica em ouvir também o que o outro tem a dizer. Saber ouvir pressupõe não apenas deduzir das palavras ditas, mas observar a postura, as emoções, o tom de voz e as expressões. Quando uma pessoa fala verdadeiramente o que sente, todo o seu corpo corresponde. Essa é a magia necessária à arte de desatar os Nós que serve, principalmente, para nos sentirmos escutados, considerados e amados.

Por mais saudáveis que sejam os laços, um dia podem chegar ao fim. Isso acontece quando um dos dois desiste de investir na relação. O fim dos laços não está verdade na separação ou na ausência, porque para muitos a ausência serve para fortalecer a ligação afetiva com o outro. O fim começa quando acabam as palavras, quando se instala a indiferença. É no silêncio que terminam os relacionamentos...

 

http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2011/07/penelope-o-amor-que-nao-se-cansa-de.html

 

As Mulheres de Atenas


https://www.youtube.com/watch?v=jACu5KUWiXk



https://www.youtube.com/watch?v=MabbVn0Rlv4

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas, cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho de outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas

 

 

 

 

Penélope

 

Festa de despedida de Ulisses

Só homens comem e bebem.

No fim, vêm as dançarinas a dançar e a aproximarem-se dos homens com sorrisos. Estes lançam-lhes moedas. Embebedam-se e deitam-se alegres e alegres partem para a guerra.

As mulheres de longe choram, sem serem vistas. Uma opõe-se. É afastada de forma violenta.

Penélope fica no Gineceu, acompanhada de outras mulheres a tecer e a educar Tlémaco, o filho  que brinca.

Dizem-lhe em surdina: Ulisses morreu. Por muito valente que fosse, já passaram muitos anos

Trazem-lhe propostas de pretendentes que querem casar com ela e tomar o lugar de Ulisses como rei de Ítaca. O Pai de Penélope aconselha-a:

- Aceita. Ítaca não pode ficar sem ser governada.


 Sugestões de trabalhos:

1. Continua a História, não a partir do que sabes ter acontecido, mas a partir do que pensas ser mais justo, segundo o teu ponto de vista e os direitos humanos.


2.Relato:

Só voz distorcida:

Fui violada. E agora?

Inventa uma história.

  

3.Sou africana. Devo submeter-me à mutilação genital. Que devo fazer?

 

4.Escreve e encena uma cena de namoro dos nossos dias, com situações positivas e negativas.

 

5.Concorri a um emprego. Tenho um currículo igual ao jovem que comigo concorreu. Quem será escolhido?

Imagina o diálogo do empregador, a comunicar quem foi selecionado e porquê.


https://www.youtube.com/results?search_query=Migra%C3%A7%C3%B5es%2C+Refugiados+e+Direitos+das+Mulheres

 

https://www.youtube.com/watch?v=cLga-3kjdHA – Mulheres 21m

 

https://www.youtube.com/watch?v=3vvemysy3d8





Todos os homens são maricas quando estão com gripe

  “Todos Os Homens São Maricas Quando Estão Com Gripe” Vitorino Salomé (original - 2006) / Salvador Sobral https://youtu.be/0IKoYYzTvr...