INTERCULTURALIDADE
Travessa do Poço dos Negros
https://www.youtube.com/watch?v=Pdk8-FjRU14
A história que gente vos quer contar
Aonde o tempo corre devagar
Chegamos era cedo à ribeira
Ainda todo o peixe respirava
E a outra carne aos poucos definhava
Juntava-se ao lamento dos porões
E o que nos chega fora são canções
A gente viu sair um'outra gente que dançava
Um estranho bailado em tom dolente
Marcado pelo bater das correntes
Vamos p'ra ver se é verdade que lá se pode ouvir cantar
Anda linda
Vamos ao poço dos negros p'ra ver quem pode lá morar
Que é mais profunda do que maré baixa
E a lua só visita por vaidade
De novo a estranha moda se dançava
Agora com suspiros de saudade
Agora com bater de corações
Vamos p'ra ver se é verdade que lá se pode ouvir cantar
Anda linda
Vamos ao poço dos negros p'ra ver quem pode lá morar
Os corpos já dourados de suor
E as bocas já vermelhas dos amores
Quisemos nós saber qual é o nome desta moda
Respondeu-nos um velho já mirrado
Lundum, mas se quiserem chamem-lhe fado
Vamos p'ra ver se é verdade que lá se pode ouvir cantar
Anda linda
Vamos ao poço dos negros p'ra ver quem pode lá morar
Vamos p'ra ver se é verdade que lá se pode cantar
Anda linda
Vamos ao poço dos negros p'ra ver quem pode lá morar
Olá, Brasil! / texto José Jorge Aletria; ilustrações João Fazenda, Terramar
Os
Descobrimentos e o encontro de povos e culturas a partir de: António Pigafeta, A Primeira Viagem em redor
do mundo- A crónica in loco da expedição Magalhães-Elcano 1519-1522, Oficina do Livro, 2020 e João
Morgado, Fernão de Magalhães e a Ave- do- Paraíso, A Esfera dos Livros, 2019
Identificar os
Descobrimentos como primeiro momento de globalização
Descobertas:
Cabo Verde:
Nadavam
perto da nau uns peixes chamados tubarões. .... Conseguimos apanhar alguns com
anzóis de ferro, mas os maiores não servem para comer e os pequenos não são
grande coisa” (Pigafeta,p. 20)
“Vimos aves de diferentes espécies: algumas
pareciam que não tinham cauda: outra não faziam ninho, porque não tinham patas;
mas a Fêmea põe e choca os seus ovos em cima do dorso do macho no meio do mar”.
-
Há outras que se chamam “cagadelas” que vivem dos excrementos das outras aves”
....
-
Vi peixes que voavam
-
outros reunidos em tão grande número que pareciam formar um baixio no mar”
(Pigafeta,p. 20)
- Descreve o que os
marinheiros encontraram em Cabo Verde.
Brasil
“Conseguimos
ali excelentes negócios: por um anzol ou uma faca davam-nos cinco ou seis
galinhas; dois gansos por um pente; por um espelho pequeno ou por um par de
tesouras obtínhamos peixes suficientes para alimentar dez pessoas; por um guizo
ou uma fita, os indígenas traziam-nos um cesto de batatas, nome que se dá a
certas raízes que têm mais ou menos a forma dos nossos nabos e cujo gosto se
aproxima ao das castanhas. De uma forma igualmente vantajosa, trocávamos as
cartas de baralhos: por um rei deram-nos seis galinhas, acreditando que com
aquilo tinham feito um magnífico negócio.“ (Pigafeta p. 21)
-
Nomeia os objetos apreciados pelos
indígenas do Brasil
- Escreve o que a armada
de Fernão Magalhães queria obter e porquê.
- Dá exemplo de algumas
trocas
- Segundo a tua opinião
a troca era mais vantajosa para quem?
“Os
brasileiros não são cristãos, mas também não são idólatras, pois não adoram
nada: a sua única lei é o instinto natural. Vivem tanto tempo que é frequente
encontrar indivíduos que chegam aos 125 anos, e até mesmo algumas vezes aos 140
anos. Tanto as mulheres como os homens andam nus. As suas habitações a que
chamam boys, são cabanas grandes e dormem sobre redes de algodão, chamadas
hamaks, atadas pelas duas extremidades a troncos grossos. Acendem fogueiras ao
nível do solo. Cada um destes boys chega algumas vezes a albergar até 100
homens, com as suas mulheres e filhos, pelo que se ouve sempre muito barulho.
As suas embarcações, são feitas com um tronco de árvore escavado com uma pedra
cortante” (...) Estas árvores são tão grandes que uma só canoa pode levar até
30 ou mesmo 40 homens, que remam com remos semelhantes às pás dos nossos
padeiros.” (Pigafeta p. 22).
“
Os homens e as mulheres são bem constituídos, parecidos connosco. Por vezes
comem carne humana, mas apenas a dos seus inimigos, o que fazem não por vontade
por posto, mas sim devido a um costume que, segundo nos disseram, foi
introduzido entre eles da seguinte maneira: uma velha tinha apenas um filho que
foi morto pelos inimigos. Algum tempo depois, o inimigo que tinha morto o jovem
foi feito prisioneiro e conduzido à presença dela; para se vingar, esta mãe
lançou-se como um animal feroz sobre ele e rasou-lhe um ombro com os dentes. O
homem teve a sorte não apenas de escapar das garras da velha e evadir-se, como
também de regressar ao seio dos seus, aos quais mostrou a marca dos dentes que
tinha no ombro, e fê-los acreditar que os inimigos tinham tentado devorá-lo
vivo. Para que os outros não se superiorizassem em ferocidade, decidiram efetivamente comer os inimigos que se
capturassem em combate, e estes fizeram o mesmo. No entanto, não os comem
imediatamente, nem vivos – cortam-nos em pedaços e repartem entre os
vencedores. Cada um leva para sua casa a porção que lhe cabe, seca-a no fumeiro
e a cada oito dias assa um pequeno pedaço para comer. Recebi esta informação de
João carvalho, o nosso piloto, que tinha passado quatro anos no Brasil.” (Pigafeta 22, 23)
“Os
brasileiros, tanto as mulheres como os homens, pintam o corpo, especialmente o
rosto, de uma maneira estranha e em diferentes estilos. Têm os cabelos curtos e
lanosos, e não apresentam pelos em todo o corpo, porque os arrancam. Usam uma
espécie de colete feito de plumas de papagaio, dispostas de maneira que as
maiores, das asas e da cauda, lhes formem um círculo na cintura (...) .” (Pigafeta p. 23)
“Quase
todos os homens apresentam o lábio inferior perfurado, com três buracos pelos
quais passam pequenos cilindros de pedra com o comprimento de duas polegadas.
As mulheres e as crianças não usam este incómodo adorno.” (...)
“A
sua cor é mais um verde-oliva do que negro. O seu rei tem o nome de cacique.” (Pigafeta
p. 23)
O
país é habitado por um número infinito de papagaios, de tal forma que nos davam
oito ou dez deles por um pequeno espelho. Possuem também uma espécie de gatos
amarelos muito bonitos, que se assemelham a leões pequenos. (Pigafeta p. 23) “
Comem uma espécie de pão redondo e branco, que não nos agradou, feito com a
medula, ou melhor dizendo, com o alburno que se encontra entre a casca e o tronco
de uma determinada árvore, que apresenta algumas semelhanças com o leite
coalhado. Possuem também porcos que nos pareceu terem o umbigo no dorso, e umas
aves cujo grande bico se assemelha a uma espátula, mas que não têm língua.” (Pigafeta
p. 23)
“Por
vezes, para tentarem obter um machado ou
uma faca, prometiam-nos como escravas uma ou duas das suas filhas, mas jamais
nos oferecem as suas mulheres”
- Diz qual a importância das facas para os
indígenas brasileiros
(as
mulheres) “Estão sujeitas aos trabalhos mais duros, vendo-se muitas vezes elas
a descer dos outeiros com gestos muito pesados sobre a cabeça, ainda nunca
andem sozinhas, pois os seus maridos, que são muito ciosos delas,
acompanham-nas sempre, levando numa mão as flechas e na outra o arco. Este arco
é de pau-brasil ou de palmeira-negra. Se as mulheres têm filhos levam-nos
pendurados ao colo através de uma rede de algodão.” (Pigafeta p. 23)
“Estes
povos são extremamente crédulos e bondosos, e seria fácil levá-los a abraçar o
cristianismo.
Quis
o acaso que sentissem por nós veneração e respeito. Desde há dois meses que
reinava no país uma grande seca, e como sucedeu que no momento da nossa chegada
o céu lhes enviou chuva, não deixaram de a atribuir à nossa presença. Quando
desembarcamos para ouvir missa em terra, assistiram a ela em silêncio, com ar de
recolhimento, e, vendo que lançávamos ao mar as nossas chalupas, que deixávamos
amarradas aos costados da nave ou que a seguiam, imaginaram que eram filhos da
nau e que esta os alimentava.” (Pigafeta p. 23)
- Caraterísticas dos
povos brasileiros:
Notícias Magazine, 2000
Patagónia
Mais
a sul num rio de água doce:
“Habitavam
os canibais” p. 25 Para não deixar
escapar a ocasião de os ver de perto e falar com eles, saltámos para terra,
cerca de 100 homens, perseguindo-os, a fim de conseguir apanhar alguns, mas
eles davam passos tão largos que, mesmo correndo e saltando, nunca conseguimos
alcançá-los.
Este
rio forma sete pequenas ilhas, num local chamado cabo de Santa maria, na maior
das quais se encontram pedras preciosas” (...) Foi aí que Juan de que andava connosco (...) foi comido, juntamente com sessenta
homens da sua tripulação, pelos canibais (...) (Pigafeta p. 25)
Seguindo
sempre as costas destas terras até ao Pólo antártico, detivemo-nos em duas
ilhas que eram habitadas apenas por pinguins e lobos-marinhos. Os primeiros
existem em tal abundância e são tão mansos que numa hora recolhemos provisões
abundantes para as tripulações das cinco naus. São negros e parece que têm todo
o corpo coberto de pequenas penas, e as asas desprovidas das necessárias para
voar, e de facto não voam: alimentam-se de peixe e são tão gordos que para os
depenar nos vimos obrigados a tirar a pele. O bico deles assemelha-se a um
corno” . p.25
Os
lobos marinhos são de diversas cores e mais ou menos do tamanho de um bezerro,
com que se parecem na cabeça. Têm as orelhas pequenas e redondas e os dentes
muito grandes; não têm pernas, e as suas patas, que estão unidas ao corpo,
assemelham-se bastante às nossas mãos, com unhas pequenas, ainda que sejam palmípedes, isto é, Têm os dedos unidos entre si por uma membrana, como as patas
de um pato. Se estes animais pudessem correr seriam terríveis, pois mostraram
ser muito ferozes. Nadam rapidamente e vivem apenas de peixe.”p.26
(...)
Passaram
dois meses até avistarmos algum habitante da região. Um dia (...) apresentou-se-nos
um homem de estatura gigantesca. Estava na praia quase nu, a cantar e a dançar
ao mesmo tempo e a atirar areia para cima da cabeça. O comandante enviou a
terra um dos marinheiros, com ordem para que fizesse as mesmas ações em sinal de
amizade e de paz” p. 26
“Este
homem era tão alto que as nossas cabeças mal lhe chegavam à cintura. Era bem
constituído, com o rosto largo e pintado de vermelho, os olhos rodeados de amarelos,
e co duas manchas em forma de coração nas bochechas. Os seus cabelos, que eram
poucos, pareciam ter sido branqueados com um qualquer pó. A sua roupa, ou
melhor, a sua capa, era de peles cosidas enre si, de um animal que abunda
naquela zona, segundo tivemos ocasião de ver mais tarde (...) tem cauda de cavalo, cujo relincho
imita. Este homem tinha também uma espécie de calçado feito da mesma pele.
Levava na mão esquerda um arco curto e maciço, cuja corda, um pouco mais grossa
que o alaúde, tinha sido feita com uma tripa do mesmo animal; e na outra
flechas de cana, curtas, que na extremidade apresentavam pena (...) e na
extremidade, em vez de ferro, a ponta de uma pedra de chipa, matizada de branco
e negro.” P. P.27
O
comandante-chefe mandou dar-lhe de comer e de beber e entre outras bugigangas,
mandou trazer um grande espelho em aço. O gigante, que não tinha a menor ideia
do que era este móvel e que sem dúvida pela primeira vez estava a ver a sua
figura, retrocedeu tão espantado que deixou cair por terra quatro dos nossos”
(...)p.27
Os
outros quando os marinheiros se
aproximaram deles
“colocaram-se
em fila, sem armas e quase nus, dando início imediatamente às suas danças e
cantos, durante os quais levantaram ao céu o dedo indicador, para nos darem a entender
que consideravam que éramos seres que tinham descido lá do alto, e ao mesmo
tempo apontaram para um pó branco que tinham nuns potes de barro, que nos
ofereceram, pois não tinham outra coisa para comer.” P. 28
“Convidaram-nos,
através de sinais, a que viessem às nossas naus”. (...) os homens só
conservavam consigo o arco e as flechas, obrigavam as mulheres a levar tudo”
(....)
“As
mulheres não são tão altas como os homens, mas em compensação são mais
corpulentas. (...) Pintam-se e vestem-se da mesma maneira que os seus maridos,
mas usam uma pele fina que lhes cobre as partes baixas”. P- 28
Seis
dias depois, alguns dos nossos marinheiros (...) viram outro gigante vestido
como aqueles que acabáramos de nos separar (...) p. 18 Este homem era mais alto
e mais bem constituído do que os outros, tinha maneiras mais suaves e dançava e
saltava tão alto e com tanta força que os seu pés se enterravam várias
polegadas na areia. Passou alguns dias na nossa companhia, tendo-lhe ensinado a
pronunciar o nome de Jesus, a oração dominical, etc. O que conseguiu executar
tão bem como nós, ainda que com uma voz muito forte. No final batizámo-lo
dando-lhe o nome de Juan. O comandante ofereceu-lhe uma camisa, um colete, calças
de pano, um gorro, um espelho, um pente, uns guizos e outras bagatelas,
regressando para o seio dos seus e parecendo muito contente e agradecido a nós.
No
dia seguinte ofereceu ao capitão um desses animais de que temos falado,
recebendo em troca outros presentes”
“Quis
o capitão reter connosco os dois mais jovens e mais bem constituídos, para os
levar connosco durante a viagem e mesmo até Espanha, mas, vendo que era difícil
prendê-los através da força, usou do seguinte artifício: deu-lhes uma grande
quantidade de facas, espelhos e contas de vidro, de tal forma que ficaram com
as duas mãos cheias; em seguida ofereceu-lhes duas daquelas argolas de ferro
que servem para prender e quando viu que eles desejavam muito experimentá-las
(por que gostam imenso de ferro) e como não não podiam pegar nelas com as mãos,
propôs-lhes colocá-las nos pernas, para que fosse mais fácil levá-las.
Consentiram nisso e então os nossos
homens aplicaram-lhes as argolas de ferro, fechando os anéis de
maneira que ficassem acorrentados. Assim
que perceberam o embuste ficaram furiosos, soprando e uivando e invocando
Setebos, que é o principal demónio, para que viesse socorrê-los.”p.30
Por
muito selvagens que sejam, estes índios não deixam de possuir uma certa espécie
de ciência médica. Por exemplo, quando se sentem mal do estômago, em vez de se
purgarem, como nós fazíamos, introduzem bem fundo na boca uma flecha para
provocar vómitos, lançando uma matéria verde, misturada com sangue. O verde
provém de uma espécie de cardo de que se alimentam. Se têm dores de cabeça,
fazem uma incisão na frente, efetuando a mesma operação em todas as partes do
corpo onde sentem dores, a fim de deixar sair uma grande quantidade de sangue
da zona dorida. ..... a dor, dizem, é causada pelo sangue, que não quer
manter-se nesta ou naquela parte do corpo, por conseguinte, fazendo-o sair a
dor deve cessar”. P. 31
Usam
os cabelos cortados em forma de tonsura, como os frades, mas mais compridos, e
mantidos à volta da cabeça por um cordão de lã, no qual colocam as suas flechas
(...) Quando o frio é muito intenso atam apertadamente as suas partes naturais
contra o corpo. Parece que a sua religião se limita a adorar o diabo (....) o
chefe é Setebos; os inferiores
chamam-se Cheléale. P.31
“Habitualmente
alimentam-se de carne crua e de uma raiz doce a que chamam capac. São grandes comedores (...) devoravam as ratazanas
cruas(...) . O nosso capitão deu a este povo o nome de “patagones”
(patagónios). Neste porto, ao qual pusemos o nome de S. Julião passamos cinco
meses.
Leão marinho Por David Corby - Obra do próprio, CC BY 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=769853
Por Dr. Wayne Trivelpiece - NOAA Photo Library, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=14591025
Pinguins a nadar
Signey - Obra do próprio by Aida Dresseno
Urville-Patagonians - acampamento tehuelche (1838) https://pt.wikipedia.org/wiki/Tehuelches#/media/Ficheiro:Urville-Patagonians.jpg
Colocámos uma cruz no cume de uma montanha
vizinha a que chamámos Monte Cristo, e tomámos posse dessa terra em nome do rei
de Espanha.
Também ali aprisionámo-nos com uma espécie de
peixe, com cerca de dois pés de comprimento e coberto com muitas escamas,
bastante bom para comer, embora não tenhamos capturado a quantidade que seria
necessária para nós .Antes de abandonar o sítio o comandante ordenou que todos
se confessassem e comungassem como bons cristãos.
No dia 21 de outubro (...) descobrimos um
estreito a que demos o nome de Onze mil Vezes, porque esse dia era-lhes
consagrado (...) vai desembocar noutro mar a que chamos Mar Pacífico. Este
estreito é limitado por montanhas muito altas e cobertas de neve.p.34
( perto da Baía Possession, p. 79 Fernão de
Magalhães e a Ave do Paraíso)
https://www.wikidata.org/wiki/Q1552197
https://en.wikipedia.org/wiki/Bah%C3%ADa_Posesi%C3%B3n
Toda a tripulação estava convencida de que este
estreito não tinha saída a oeste, que não se teria imaginado procurá-lo se não
fossem os conhecimentos do comandante-chefe (...) que o tinha visto desenhado
num mapa que o rei de Portugal conservava na sua tesouraria, e feito por Martim
da Boémia, um excelente cosmógrafo. P. 34
Ao longo deste estreito dos Patagónios (Estreito
de Magalhães) há “água excelente, madeira de cedro, sardinhas e marisco em
abundância.” Havia ainda peixes: “dourados, albacoras e bonitos que perseguem
os chamados peixes voadores”
“ E porque na margem sul continuavam a
encontrar lumes à distância, Magalhães chamou àquelas paragens “Terras do
Fogo”.
“Que serão estes fogos”. O capitão (...) mandou
(...) um grupo de homens armados, para ver o que encontravam, e, por eles
esperam três dias, pescando albacoras, douradas e sarragões (espécie de
atum). (...) Quando regressou falou de “indios fueguinos, homens que por ali
viviam e acendiam fogueiras para se
aquecerem nas noites arrefecidas daquelas terras” p. 180, Morgado)
(...) “Estavam no primeiro de novembro, pelo
que Magalhães chamou ao estreito por onde estavam a entrar canal de Todos os
Santos”. “António Lombardo achava que se devia chamar Estreito patagónico e
assim o grafou no diário (...) ao lado
de um tosco desenho com que o ilustrava.”p.183, Morgado
Apontaram a proa para o canal nubloso que
tinham em frente e por ali singraram com ventos favoráveis e muitos cuidados,
até entrarem numa nova baía. Era bem mais vasta
que a anterior com mais vegetação nas margens, muitas enseadas e ilhas
de distinta grandeza” (...) António Lombardo (...) considerava-o “o mais lindo
do mundo”. P. 184 , Morgado
“Magalhães seguiu (...) e deparou-se com uma enseada pejada de peixes. Chamou-lhe Baía das Sardinhas” p. 185, Morgado (Caleta
Gallant na baía Fortescue, no Chile)
Três crianças Selk’nam da Terra do Fogo com as suas famílias
fotografadas por Alberto de Agostini na década de 1920.
“Os céus negros estavam eivados de longas bandas
coloridas , que oscilavam e mudavam de cor. Os céus negros estavam eivados de
longas bandas coloridas, que oscilavam e mudavam de cor.”( Aurora astral) os
ventos desenhavam ondas brilhantes nos altos para grande espanto dos homens,
que nunca tal tinham visto” p. 190, Morgado
(...) “Estavam a navegar no mar do Sul, na foz
onde desembocavam também os propósitos de todos aqueles homens.
Magalhães chamou-lhe o cabo da Victoria –
porque era o nome da nau que o tinha descoberto e também revelador do seu
sentir (...) encontrara um estreito navegável que unia o Atlântico ao mar do
Sul.” P. 191, Morgado
(O estreito de Magalhães é uma passagem
navegável de aproximadamente 600Km imediatamente ao sul da América do Sul
continental. Situa-se entre o continente a norte e a Terra do Fogo e cabo Horn
a sul. Este estreito é a maior e a mais importante passagem natural entre os
oceanos Atlânticos e Pacífico, já que o canal do Panamá é um canal artificial
com 77Km de extensão, e só inaugurado oficialmente em 15 de Agosto de 1914.” P.
191 Morgado
“ O capitão (...) chamou-lhe oceano “Pacífico”, perante a aprovação dos seus ofícios” p. 203, Morgado
Pelo grau 12 de latitude setentrional e pelo
146 de longitude, a 6 de março (...) descobrimos a noroeste uma pequena ilha, e
em seguida mais duas a sudoeste. (...) p.46
O comandante-chefe quis deter-se na maior para
recolher líquidos, frescos e provisões, mas isso não foi possível, porque os
ilhéus vinham a bordo e roubavam isto e aquilo (...) Queriam obrigar-nos a
recolher as velas e ir a terra, tendo ainda tido a habilidade de levar o esquife
que estava amarrado à popa, pelo que o capitão, irritado, desceu a terra com 40
homens armados e queimou 40 ou 50 casas e muitas das suas embarcações e
matou-lhes sete homens.
A 16 de março chegamos a uma ilha “que se chama
Samar por trás de da qual existe outra que não está habitada e que soubemos que
se chama “Humunu (Homonhon). P.48
“Quando chegamos a terra, (Zuloan) 0 chefe
deles dirigiu-se ao comandante, manifestando-lhe por gestos o prazer que sentia
em ver-nos. Quatro dos mais enfeitados ficam connosco, tendo os restantes ido
chamar os seus companheiros que estavam ocupados com a pesca e com os quais
logo regressaram.
O comandante, ao vê-los tão tranquilos,
mandou-lhes dar-lhes de comer, oferecendo-lhes ao mesmo tempo alguns barretes
vermelhos, pequenos espelhos, pentes, guizos, alguns panos, objetos de marfim e
outras bagatelas semelhantes. Os ilhéus, encantados com o acolhimento do
capitão, ofereceram-lhe peixes, um jarro cheio de vinho de palma, a que chamam
uroca, bananas com mais de um palmo de comprimento e outras mais pequenas, se
bem que mais saborosas, e dois frutos do coqueiro (...) dentro de quatro dias
regressariam trazendo-nos arroz, a que chamam umay, cocos e outros víveres.” P.
49
Os
cocos são os frutos de uma espécie de palmeira, de onde retiram o seu pão, o
seu vinho, o seu óleo e o seu vinagre. Para obter o vinho, fazem no cimo da
palmeira uma incisão que penetra até à medula, por onde sai gota a gota um licor que se assemelha ao nosso
mosto branco, mas que é um tanto ácido. Recolhem este licor nos tubos de uma
cana com a grossura de uma perna, que se ata à arvore e que se tem o cuidado de
esvaziar duas vezes por dia, de manhã e à tarde.
O fruto desta palmeira é do tamanho da cabeça
de um homem e por vezes ainda maior; a sua primeira casca, que é verde, tem
dois dedos de espessura que é composta de filamentos de que se servem para
fazer as cordas que usam nas embarcações. Encontra-se de seguida uma segunda
camada mais dura e mais consistente do que a da noz, da qual, queimando,
retiram um certo óleo que usam. Há no interior uma medula branca, com a
espessura de um dedo, que se come como se fosse pão, com a carne e o peixe. No
centro da noz e no meio desta medula existe um licor transparente, doce e
fortificante que, depois de esvaziado num copo, e deixado repousar, toma a
consistência de uma maçã. Para obter o óleo pega-se a noz, deixa-se fermentar a
medula com o licor, e em seguida ferve-se, do que resulta um óleo espesso como
manteiga.
Para
obter o vinagre, deixa-se em repouso apenas o líquido, o qual, estando exposto
ao sol, fica ácido e parecido com o vinagre que se faz com o vinho branco .Nós
fabricávamos também um licor que se assemelha ao leite de cabra, raspando a
medula, moendo-a no mesmo líquido e coando-a em seguida.”p.50
“Por
deferência ao nosso chefe conduziram-no nas suas canoas aos depósitos em que
mantinham as suas mercadorias, como o cravinho, a pimenta, a noz-moscada, o
ouro” ... dando a entender por gestos que as regiões para onde nos dirigíamos
produziam em abundância todas estas especiarias.” P. 50
A ilha
deserta na qual estávamos instalados, os ilhéus chamam-lhe Humunu, mas nós
designamo-la com o nome de Aguada dos Bons Indícios, porque tínhamos ali
encontrado dois reservatórios de uma água maravilhosa, e porque notámos os
primeiros sinais de que havia ouro naquele país. Nela também se encontram o
coral branco, árvores cujos frutos mais pequenos que os das nossas
amendoeiras, se assemelham muito aos pinhões, e várias espécies de palmeiras,
algumas das quais produzem frutos comestíveis, e outras não.
Tendo
notado à nossa volta um certo número de ilhas, no quinto domingo de Quaresma,
que é dedicado a Lázaro, demos-lhes o nome de arquipélago de São Lázaro (depois
passou a chamar-se Filipinas).”p. 51
“No dia
22 do mês, os ilhéus” (chegaram) com duas canoas cheias de cocos, laranjas e um
cântaro repleto de vinho de palma e um galo, para darem a entender que tinham
galinhas. Comprámos tudo o que trouxeram. O seu chefe era um ancião, com o rosto
pintado e brincos de ouro nas orelhas; e os do seu séquito traziam nos braços
braceletes de ouro e panos que lhes rodeavam a cabeça.”
“Os
habitantes das ilhas imediatamente vizinhas daquela em que estávamos usavam nas
orelhas uns buracos tão grandes, e as orelhas estavam tão descaídas, que
conseguia-se passar um braço lá dentro.” P. 52
“Estes
povos são cafres, isto é gentios. Andam nus cobrindo apenas os seus órgãos
sexuais com um pedaço de casca de árvore, e alguns chefes com um pedaço de
tecido de algodão, bordado com seda nos seus dois extremos. São de cor olivácea
e geralmente bastante obesos. Pintam e untam todo o corpo com óleo de coco e de
gergelim, para se protegerem, segundo dizem do sol e do vento. Têm os cabelos
negros, e usam-nos tão compridos que lhes chegam até à cintura. As suas armas
são facas, escudos, maças e lanças guarnecidas a ouro. Como instrumentos de
pesca usam dardos, arpões e redes feitas mais ou menos como as nossas.” P. 52
No dia
25 de março partimos ...
No dia
28, “ vimos que se aproximava da nossa nau uma pequena embarcação, a que chamam
boloto, tripulada por oito homens. O capitão tinha um escravo natural de
Sumatra (...) que saiu para falar com eles na língua do seu país, e apesar de o
compreenderem e de terem vindo até alguma distância da nossa nau, não quiseram
subir a bordo, e também pareciam estar temerosos de se aproximarem muito. O
comandante, vendo a sua desconfiança, atirou ao mar um barrete vermelho e
algumas bagatelas, atadas a uma tábua, as quais eles recolheram dando sinais de
muita alegria; mas de repente partiram tendo depois sabido que eles se tinham
apressado a ir avisar o seu rei acerca da nossa chegada.
Duas
horas mais tarde, vimos que vinham até nós dois balangays (nome que dão às suas
grandes embarcações) cheios de homens, vindo o rei no maior, por baixo de uma
espécie de dossel formado por esteiras. Quando o rei chegou ao pé da nossa nau,
o escravo do capitão dirigiu-lhe a palavra, tendo-o compreendido perfeitamente,
porque os reis destas ilhas falam diversos idiomas. Mandou que alguns dos que o
acompanhavam subissem a bordo, tendo ele próprio ficado no balangay, e partido
assim que regressaram.
O
comandante concedeu um acolhimento muito afável aos que tinham subido a bordo,
oferecendo-lhes também alguns presentes, e o rei, tendo sabido disto, quis,
antes de ir embora, obsequiar o comandante com um lingote de ouro e um cesto de
gengibre, presentes que o comandante agradeceu mas não quis aceitar.” P. 53
(...) o
comandante despachou para terra o escravo que lhe servia de intérprete, para
dizer ao rei que se tivesse alguns víveres para dizer ao rei que se tivesse
alguns víveres para nos enviar pagar-lhe-íamos bem, assegurando-lhe ao mesmo
tempo que não tínhamos vindo até ele para cometer hostilidades, mas sim para
ser seus amigos.” P. 53
Visto
isto, o rei em pessoa veio a bordo na nossa chalupa, com seis ou oito dos seus
súbditos mais importantes, e, depois de subir, abraçou o comandante,
oferecendo-lhe três jarros de porcelana cheios de arroz cru e cobertos de
folhas, duas douradas muito grandes, e alguns outros objetos. Por sua vez, o
comandante ofereceu-lhe um colete de tecido vermelho e amarelo, e um barrete
vermelho fino. Obsequiou também os do seu séquito, dando a alguns espelhos, e a
outros facas.
(...)
Depois disto conduziu-o ao castelo de popa e, mandando trazer o mapa e a
bússola, explicou-lhe, através do intérprete como tinha encontrado o estreito
para chegar ao mar onde nos encontrávamos, e quantas luas tinha passado no mar
sem divisar terra” p. 54
O rei,
admirado com tudo o que acabava de ouvir e de ver despediu-se do comandante,
rogando-lhe que levasse consigo dois dos seus homens, para que estes depois lhe
pudessem contar algumas particularidades do seu país” pp. 54, 55
“Depois
de nos sentarmos na popa, procurámos fazer-nos entender por sinais, pois não
dispúnhamos de intérprete. O séquito do rei, de pé, rodeava-o, armado de lanças
e de escudos. Serviram-nos então um prato de carne de porco com um grande
cântaro cheio de vinho, a qual, quando não ficava totalmente vazia, se deitava
noutro cântaro. A escudela estava sempre preparada, sem que ninguém ousasse
tocar nela, a não ser ser ele e eu. Todas as vezes em que o rei queria beber,
antes de pegar na escudela, levantava as mãos ao céu, depois virava-as na nossa
direção, e no momento em que pegava com a mão direita, estendia para mim a
esquerda, com o punho cerrado, de tal modo que, da primeira vez que executou
esta cerimónia, pensei que ele me ia dar uma bofetada; e com esta atitude
permanecia todo o tempo que bebia e, tendo notado que todos os restantes o
imitavam nisto, executei com ele outro tanto” (...) p.55
“
Chegada a ceia, trouxeram dois grandes pratos de porcelana um com arroz e outro
com cozido de porco, observando-se durante a ceia as mesmas cerimónias que atrás
descrevi .Dali passámos para o palácio do rei, que tinha a forma de uma monte de
feno, sustido por quatro postes grossos, cobertos com folhas de bananeira , e
tão alto que para subir para ele precisámos de uma escada..
Quando
entrámos, o rei mandou-nos sentar sobre esteiras de canas, com as pernas cruzadas (...). Meia
hora mais tarde trouxeram um prato de peixe assado, cortado em pedaços,
gengibre acabado de colher, e vinho. Tendo-se apresentado o filho mais velho do
rei, sentou-se ao nosso lado. Foram então servidos outros dois pratos: um de
peixe cozido e outro de arroz para comer com o príncipe herdeiro. (...) p. 56
As
velas para alumiar são feitas de uma espécie de goma de árvore, a que chama anime, que se envolve em folhas de
palmeira ou de bananeira”.
“O seu
irmão, que era rei de outra ilha, acompanhou-nos a bordo com outros três
homens, tendo o comandante dando-lhe de comer e oferecido bagatela”.
O rei
que nos havia acompanhado, disse-nos que na sua ilha se encontrava pepitas de
ouro tão grandes como nozes, e até como ovos, misturadas com a terra, a qual
era peneirada para os descobrir, e todos os seus copos e também alguns adornos
da sua casa eram feitos deste metal. Estava vestido muito asseadamente, segundo
o costume do seu país, e era o homem mais belo que vi entre estes povos. Os
seus cabelos negros caíam-lhe até aos ombros, um véu de seda cobria-lhe a
cabeça e duas argolas de ouro pendiam-lhe das orelhas. Da cintura até aos
joelhos pendia um pano de algodão bordado com seda; levava a tiracolo uma
espécie de agada ou espada, que tinha um grande cabo em ouro e cuja bainha era
de madeira muito bem trabalhada. Sobre cada um dos seus dentes via-se três
pintas de ouro, de maneira que se podia dizer que tinha todos os dentes ligados
com este metal. Estava perfumado com estoraque e benjoim, e a sua pele, se bem
que estivesse pintada via-se que era olivácea.
Residia
habitualmente numa ilha onde se encontram os países Butuan e Calagan, mas
quando os dois reis querem conferenciar, reúnem-se na ilha de Massana, para
onde nos dirigíamos. O primeiro chama-se tajá (rei Colambu, e o outro rajá
Siagu.” P. 57
“No
domingo de Páscoa, que era o último dia do mês de março, o comandante enviou
logo cedo a terra o capelão com alguns marinheiros para dizer missa,
despachando ao mesmo tempo o intérprete, para que este dissesse ao rei que
íamos desembarcar na ilha, não par comer com ele, mas sim para cumprir uma
cerimónia do nosso culto. O rei aprovou tudo e enviou-nos dois porcos mortos.”
(...) p- 57
(...)
Saltámos para terra, onde os dois reis, que tinham ido ao nosso encontro,
abraçaram o comandante, colocando-o entre eles dois.(...)p. 58
“Antes
que começasse a missa, o comandante aspergiu os dois reis com água almiscarada.
No momento da oblação foram, como nós, beijar a cruz, mas não fizeram a
oferenda, e no momento de nos levantarmos adoraram a eucaristia com as mãos juntas, imitando sempre o que fazíamos”. p. 58
(...)
Depois disto, mandou trazer uma grande cruz adornada com pregos e a coroa de
espinhos, diante da qual nos prostrámos, coisa em que também os ilhéus nos
imitaram. Então o comandante, por meio do intérprete, disse aos reis que esta
cruz era o estandarte que lhe havia sido confiado pelo imperador para que a
colocasse onde fosse que aportasse, e que, portanto, queria levantá-la nesta
ilha. E ainda por cima seria também um sinal favorável, pois todos os navios
europeus que mais tarde viessem visitá-lo saberiam, ao vê-la, que ali tínhamos
sido recebidos como amigos e não cometeriam qualquer violência, nem sobre as
pessoas, nem sobre as suas propriedades. (...) Os reis, que não duvidavam
minimamente de tudo o que o comandante lhes acabara de dizer, deram-lhes
graças, assegurando-lhe, por intermédio do intérprete, que ficavam
perfeitamente satisfeitos e que de bom grado executariam tudo o que lhes
acabava de encarregar de fazer” p. 59
“Perguntou-lhes
qual era a sua religião, se eram mouros ou gentios, ao que responderam que não
adoravam nenhum objeto terreno, mas responderam que não adoravam nenhum objeto
terreno, mas, levantando as mãos juntas e os olhos ao céu, deram a entender que
adoravam um Ser Supremo, a que chamavam Abba, o que causou grande contentamento
ao nosso comandante.” P. 59
“havia também quatro jovens raparigas que tangiam
instrumentos musicais, o que muito
despertou as atenções dos mancebos há tanto
tempo sem desenfado de mulher. Uma batia num tambor assente no chão,
duas tocavam uns gongos de diferentes tamanhos, a última tinha dois pratos
metálicos, um em cada mão, cujo choque produzia um som muito suave. A música era ritmada mas
melódica, pelo que revelavam saberes já bem experimentados. Tinham a pele
clara, como se não apanhassem sol como os demais. Tinham os seios desnudos e um
exíguo pano na cintura. (...) Ao som daquela música exótica, (outras mulheres
nuas de corpo inteiro) dançavam (...) p. 231: Morgado
“ O
comandante tinha já perguntado qual era o porto mais adequado que existia nas
proximidades para abastecer as naus e vender as mercadorias, ao que lhe
responderam que havia três: Ceilão, Cebu e Calagan. Mas como o de Cebu era o
melhor, e como estava decidido a chegar lá, ofereceram-lhe pilotos que o
conduzissem.” P. 60
Os
coqueiros parecem-se com as palmeira que dão tâmaras, se bem que os seus
troncos, sem terem um tão grande número de nós, também não sejam lisos.
Uma
família de dez pessoas pode sustentar-se com dois coqueiros, fazendo
alternadamente, em cada semana, as incisões num e deixando descansar o outro,
para que uma sangria permanente de um não os faça perecer. Disseram-nos que um
coqueiro vive um século inteiro.
-
Elencar as principais consequências das Descobertas
Catedral Metropolitana de Porto Alegre, Brasil
Colónia de sacramento, Uruguai, com escudo português - mais antiga cidade do Uruguai fundada por D. Manuel Lobo, em 1680, quando era governador do Rio de Janeiro.
Cena do filme "A Missão" retratando o relacionamento dos Índios na América Espanhola , colónia de Sacramento.
Fortaleza de Jesus, Mombaça, caiu nas mãos do sultão de Oman em 1688.
Basílica do Bom Jesus com o túmulo de
S. Francisco Xavier – património da humanidade.
A Sé Catedral de Goa, à direita e a igreja de São Francisco à esquerda
Catedral de Goa
Palácio do arcebispo, junto à catedral de Goa
Baluarte no trilho entre Sinquerim e o forte da Aguada e Goa
Torre
do farol no forte português da Aguada em Goa, peça chave para a navegação. O
seu nome vem do facto deste possuir uma enorme cisterna, onde era armazenada
água para o abastecimento das naus da carreira da Índia. A torre circular
funcionava como farol.
Diz-se por lá que quando os holandeses
conquistaram Malaca, os Portugueses, fugiram com as naus que tinham trazido,
cheias de ouro e bens materiais. A ganância era muita, carregaram tanto as
naus, que duas ficaram afundadas logo na baía… As pessoas com quem falámos
acham os portugueses muito trabalhadores, empreendedores, mas muito ligados aos
bens materiais e um pouco invejosos e
gananciosos… pelo menos foi isso que os seus antepassados lhes transmitiram… é
a opinião das pessoas que falámos e vale o que vale, mas vale a pena pensar
nisto
https://onossoolhardomundo.pt/malaca-malasia/
Flor de la mar, de Afonso de Albuquerque, pensa-se ter sido afundada por excesso de
produtoshttps://www.viajarentreviagens.pt/malasia-e-singapura/malaca-ontem-e-hoje/
https://www.letsgoholiday.my/p/portuguese-village-in-melaka
Muito
perto do centro de Malaca, considerada pela Unesco como património da
humanidade, ainda existe o bairro
português-Portuguese
Settlement ou Kampumg Portugis, no qual a população luso descendente se casa
entre si, fazendo perdurar a tradição
Bairro Português
Perto da entrada da
Praça Portuguesa há uma estátua do Cristo Redentor semelhante à do Rio de
Janeiro, que durante anos ficou sem cabeça porque os muçulmanos mais
radicais a consideravam uma perversão idólatra.
Hoje, apenas duas ou três mil pessoas ainda falam o idioma com desenvoltura, e poucos o ensinam aos filhos.
Em Goa,
primeira possessão territorial portuguesa na Ásia, bem como em outros
assentamentos, como Macau, no litoral chinês, as comunidades eurasianas
prosperam. Sua culinária foi enriquecida pelas misturas coloniais, de modo que
o frango apimentado de Moçambique, evoluiu e se
transformou em um prato popular temperado com molho de soja.
Em Malaca, um
guisado com vinho que era muito popular em Lisboa tornou-se "curry do
diabo", um refogado tradicional com carnes como
peru, pato e pernil, além de vinagre, muito apimentado.
https://exame.com/casual/malaca-uma-cidade-multicultural-ameacada/
Em fevereiro, há o Festival da Água também conhecido como
Pesta Intrudu. Há o costume de atirar água uns aos outros. A festa acontece
antes do jejum de quarenta dias.
No final do ano, o bairro português é inundado de turistas especialmente de Singapura para comemorar o Natal. Todos
os lugares são decorados com luzes e árvores de Natal.
Público Magazine26 .11. 1995
Saleiro de Marfim, Benim, século XVI
Esculpido em marfim, possui uma tampa com um cavaleiro de elmo e cota de armas
montado num cavalo ricamente ajaezado, destacando-se sobre um fundo densamente
preenchido. Na seção central, existem outros cavaleiros e altos funcionários
com indumentária e acessórios idênticos aos usados na época pelos portugueses.
Se a forma segue um protótipo europeu, ao nível da indumentária nota-se a
tradição artesanal africana. Tanto na indumentária das figuras, como no fundo
da composição, são reproduzidos padrões têxteis que ainda hoje são fabricados
nos teares da atual Nigéria.
Nos séculos XV e XVI, inúmeras peças manufaturadas em marfim chegaram a Lisboa,
primeiro da Serra Leoa e depois do Benim. Se a arte de trabalhar o marfim na
Serra Leoa, a primeira região da África negra visitada pelos marinheiros lusos,
representa esporadicamente imagens de portugueses, já os objetos provenientes
do reino do Benim, na atual Nigéria, dá-lhes algum protagonismo, tratando-as em
grande pormenor nos traços fisionómicos, realçando as diferenças dos portugueses,
como os cabelos compridos, as barbas de cortes diversos e os narizes afilados.
https://www.e-cultura.pt/artigo/9092
Tabaco, hábito hábito trazido pelos espanhóis do continente americano. O tabaco era consumido pelos povos indígenas que acreditavam nos seus poderes medicinais, razão pela qual o consumiam em ocasiões cerimoniais.
Em 1559, o embaixador francês em Lisboa, Jean Nicot, enviou à rainha de França algumas folhas de tabaco que esta utilizou como remédio para curar uma enxaqueca.
No entanto, por exemplo, Damião de Góis considerava-o um remédio para a asma, as fístulas e "outras moléstias"
Entretanto, expandiu-se por toda a Europa, ficando o nome de Nicot ficado ligado à nicotina.
Na Europa, o tabaco era aspirado (rapé), mascado ou fumado em cachimbo, tornando-se um hábito social que perdurou até aos finais do século XIX, altura em que se começou a generalizar o consumo do tabaco sob a forma de cigarros.
Desta forma, no início da década de 1440, diversos navios desembarcavam indivíduos de raça negra provenientes da costa ocidental africana, a fim de serem vendidos como escravos após licitação em praça pública.
No capítulo XXIV da sua “Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné” (1451), de Gomes Eanes de Azurara, referente ao dia 8 de Agosto de 1444 lê-se:: “Chegaram as caravelas a Lagos (…) Pelo qual me parece que será bem que de manhã os mandeis tirar das caravelas, e levar àquele campo que está além da porta da vila, e farão deles cinco partes, segundo o costume (…) O Infante disse que lhe prazia; e no outro dia muito cedo mandou Lançarote, aos mestres das caravelas, que os tirassem fora e que os levassem àquele campo, onde fizessem suas repartições (…)”
Texto Paulo Rolão, Fotografia Miguel Almeida/Dryas
O tráfico negreiro na história dos
Descobrimentos, 22 de Novembro de 2016, National Geographic - https://nationalgeographic.pt/historia/actualidade/1006-o-trafico-negreiro-na-historia-dos-descobrimentos
Portugal introduziu a cana-de-açúcar, no
Brasil porque::
- O açúcar era muito procurado na Europa e
garantia ótimos lucros .
- O açúcar já tinha sido cultivado na Ilha da Madeira e
Arquipélago dos Açores;
- o
clima do Brasil tinha ótimas condições de solo e clima para a sua produção..
A cana foi plantada, inicialmente, na região
de São Vicente , no início daa colonização (1532). Aí surgiu o primeiro
engenho, o Engenho Governador. Daí espalharam-se
por todo o litoral., sobretudo no Nordeste, área hoje e chamada Zona da Mata, com ótima condições para o desenvolvimento da cana .. Os solos de massapê (de cor escura), o
clima quente e húmido e as chuvas regulares ofereciam (e ainda oferecem)
excelentes condições naturais para o cultivo da cana. Pernambuco e Bahia tornaram-se as principais zonas
produtoras.
A palavra “engenho” significava inicialmente
apenas a moenda que triturava ou moía a
cana. Depois, passou a significar todo o conjunto de terras, máquinas,
casa-grande dos senhores de engenho, senzala dos escravos, construções para os
colonos livres, instalações para os animais, serraria, carpintaria, ferraria,
capela… tudo.
A fabrico do açúcar ira ocorria na casa da
moenda, onde se espremia a cana para se retirar o caldo ou garapa. Daí o caldo
seguia para a casa da fornalha, onde era “cozido” e transformado em melaço. Passava,
depois, à casa de purgar ou casa das
caixas, onde o melaço era colocado em caixas de madeira ou de barro e ficava a
secar ao sol. A partir daí, o açúcar era ensacado e enviado à Europa.
O
TRABALHO NO ENGENHO
Engenho de cana
“Aqui nada de apatia; tudo é trabalho,
atividade; nenhum movimento é inútil, não se perde uma só gota de suor.
“Os edifícios ficam em um grande pátio: o
engenho é uma extensa construção ao rés do chão, tendo em frente a senzala dos
negros, deserta durante as horas de trabalho.
Vejo ao longe negros e negras curvados para a
terra, e incitados a trabalhar por um feitor armado dum chicote que pune o
menor repouso. Negros vigorosos cortam as canas que raparigas enfeixam. Os
carros, atrelados de quatro bois, vão e vêm dos canaviais ao engenho; outros
carros chegam da mata carregados de lenha para as fornalhas. Tudo é movimento.
O engenho está sobre um terraço; cavalos
estimulados pelos gritos de um negro fazem-no girar. Raparigas negras empurram
a cana para os cilindros da moenda. Alguns negros descarregam as canas e as
colocam ao alcance das mulheres; outros transportam-nas em grandes cestos e
espalham no terreiro o bagaço inútil da cana que não é usado como combustível.
O edifício da moenda apresenta igualmente a
importante dependência das caldeiras, onde é cozido o caldo de que se forma o
açúcar. O mestre de açúcar é um homem livre que tem às suas ordens negros que
agitam o mel com grandes colheres. O fogo das fornalhas é alimentado dia e
noite e é mantido durante os cinco meses que dura a safra. Negros transportam
as formas para a casa de purgar que é dirigida por um mulato livre. Este tem
sob as suas ordens homens para a refinação e para escorrer o mel que se junta num
reservatório. Esta dependência comunica-se com aquela onde se despejam as
formas contendo o açúcar acabado. Ali os pães cristalizados e purgados são
quebrados; separam-se as qualidades e espalha-se o açúcar para secar.”
(L.F.Tollenare. Notas dominicais tomadas durante uma viagem em Portugal e Brasil,
1816, 1817, 1818)
Memorial
Por ela morria em serviço
Não me queixo nem de nada me arrependo
Fiz escolha de embarcadiço
-
Debater as principais consequências das Descobertas.
Define:
Interculturalismo
Etnocentrismo
Multiculturalismo
Relativismo cultural
Identidade cultural
https://www.youtube.com/watch?v=_Jwyn2zuC_s - multiculturalismo
https://www.youtube.com/watch?v=jYld0k0tFGw - Integração de pessoas de outros países
Influência da cultura portuguesa no Brasil
Barroco
Fachada da
Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto. Obra de Aleijadinho
Preconceitos
raciais e culturais, intolerância e xenofobia no passado e no presente
-
Debater criticamente a colonização e a escravatura no contexto das Descobertas.
- Debater criticamente a discriminação das minorias no passado e no presente.
-
Elaborar trabalhos destinados à sensibilização para a tolerância ( slogans;
vídeos; spot publicitários)
-
Pequenas dramatizações sobre este tema
Identidade,
diversidade e globalização
-
Discutir conceitos tais como identidade, aculturação, integração, etnia,
raça/globalização ...
Sensibilizar
para a necessidade de preservar a identidade cultural (nacional e local) num
mundo em mudança.
(
pesquisa de património nacional e local identitário)
https://www.civitatis.com/pt/goa/tour-igrejas-goa/
Sem comentários:
Enviar um comentário